O poema qui eu ia fazê! / interagino cum a cumade Rosa Serena

O poema qui eu ia fazê!

Airam Ribeiro

Dumingo quando fui te pegá

Pra vê sinda funcionava

Nun te ví lá naquele lugá

Onde eu sempre te guardava

Há tempo fiquei sem te vê

Nunca mais oliei ocê

Pois isquicido muitio eu tava.

E o poema qui eu ia fazê

Pra a minha mãe eu menagiá

Nun fiz ele digo pruquê

Só ocê sabe minspirá

Dia das mãe xegô a noitinha

E nutiça sua eu nun tinha

Pois leváro ocê prôto lugá.

Eu subi travéis dum amigo

Qui ocê foi prum museu

Qui tava de mau cumigo

E nem se lembrava mais deu

E qui lá ocê ta seno oliada

Qui nun ta mais impoêrada

Qui de mim inté já sisqueceu.

Prêce amigo ocê falô

Queu tava nas tequinolugia

Qui as tecras do meu cumputadô

Estava min dano mais aligria

Era novo o meu tecrado

Qui nun quiria mais o surrado

Qui os meus poemas iscrivia.

Minha máquina de iscrevê:

Inda lembro dos seu tecrado

Min perdoa pode crê!

Mermo quinda surrado

Ocê mindava inspiração

Quantas vêiz as emoção

Em ocê foi cunfiado.

Quantas vêiz xorano

Os seus tecrado eu batia

Quando eu ia alembrano

Das labuta daqueles dia

Veno os fio largá os nin

Saino protos mundo... sozin,

Cabano cum minhas aligria.

A sua fita vremêia e preta

Quantas vêiz foi trocada

Ocê foi sempre porreta.

Quantas vêiz nas madrugada

Em tuas tecras dizabafei

Tantas vêiz eu xorei

Das aventuras frustada.

Minha véia cumpanhêra

Aquitô de baixa crista

Eu fiz essa grande bestêra

E nun quero te perdê de vista

Pesso qui ocê perdoa eu

Vô sempre vim neste museu,

Perdõe pur eu cê tão egoísta!

ROSA SERENA

Ô cumpadi Airam

Intendu u seu sufrimentu!

Tamém eu tenho sodade

Daquele meu instrumento!

Já dei ele prus zotro

Foi imbora pra otro caminho

Dexô a sodade no peitu

E eu fico aqui no meu ninho!

Agora só uso o paper

Pra mode escrevinhá

Os puema qui sai du meu peito

Qui faz eu tamém chorá!

Vô pruvertá a cunversa

Pra falá cum u sinhô

Qui num fui eu que falô

Mar da sua Chiquinha

A cunversa chegô nus ovidos

Quandu eu tava fazenu a bainha

Da carça qui ela dexô

Na casa da dona candinha!

Que qui ela foi fazê lá

Eu falu qui eu num sei

Mais qui isqueceu a carçola

Issu eu já te contei

Tarveis ela tenha tiradu

Pru causa do comixão

Qui dá naquela muié

Pru que ossê tem paixão!

Eu sei qui o doto errô

No tar do dna

Os fios da tar da Chiquinha

Ocê vai podê criá!

Pru modi o seu coração

Todo mundo cunhci

É bão feito rapadura

I issu a genti num isqueci!

Intão ocê me aperdoa

Mas num fui eu qui fiz

Essi fofocadu todu

Dessa tar infelis

Qui mermo senu dedentada

Fais a sua aligria

Eita Chiquinha danada

Fais fio e é todo dia!

Cumpadre Airam, essa tar de máquina de escrever dexô istória tbm no meu coração viu?Adorei seu texto e dexo aqui a resposta do sexteto que já virô oiteto pruquê tá bão dimais esse trem viu?VIDA, FORÇA, SAÚDE!

Airam Ribeiro
Enviado por Airam Ribeiro em 10/05/2011
Reeditado em 14/05/2011
Código do texto: T2961516
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