vida de camponês
VIDA DE CAMPONÊS
O camponês é assim
Sabe um tanto mais um tantinho
Da taipoca faz a colher
Da peroba faz pilão
A madeira entalhada
Ganha forma em sua mão.
Tudo na base do machado
Da enxó e do facão
Quando se põe na labuta
Camponês é artesão.
Tira leite como ninguém
Conhece intimamente a criação
Braúna, jibóia, ciganinha
A vacada se rende ao toque de sua mão
Burro bravo é domado
E até cobra pega com a mão.
Não é engenheiro, químico, nem doutor
Mas da planta faz remédio
Com boi e canga faz trator.
Da terra tira o sustento
Alimenta a cidade
Apesar de sua importância
É homem sem vaidade.
Com cinza e sebo faz sabão
Lava roupa, lava casa, lava mão
Só não lava de sua alma
As marcas da opressão,
Que fez dele um guerreiro
Homem de calos nas mãos
Sua lida é pesada
Mas dela não abre mão.
É passada de pai prá filho
Preservada a tradição
Seu legado tem valor
Sabe mais que muito doutor
Na escola do campo
É parceiro é professor.
A escola que vem da cidade
Não conhece o agricultor
Atropela sua história
Que nem fosse trator.
Ara, gradeia, semeia
A semente da globalização
Reproduz conhecimento
Sem questionar a razão.
E a criança camponesa
De tão rica tradição
É arrancada das raízes
Pela mão da “educação”.
Capitalismo, agronegócio, produção
A meta é exportar
Invadiram nossa terra
Impede-nos de lutar.
Querem nos fazer escravos
Para o latifúndio trabalhar
A produção de alimento
Agora perdeu lugar.
Eucalipto, cana e soja
Querem nos fazer plantar
Para alimentar a ganância
De quem não quer compartilhar.
Vive de explorar o outro
Contra esses vamos lutar
Estudar a realidade
E aos poucos transformar.
Valorizar nossa cultura
Os costumes resgatar
Refazer a nossa história
Estudar e trabalhar.
Protagonizar a mudança
E nos livros registrar
Seguir firme na luta
Sem nunca desanimar.
Camponês que é camponês
Não se deixa engabelar
Resisti ao imperialismo
Constrói nova nação
Garanti o seu futuro
Com uma nova educação.