OS DOZE PRATOS *
Certo príncipe chinês
Era colecionador
De pratos de porcelana
Orgulho de tal senhor
Era doze a quantidade
Das peças de raridade
Belas, nobres, de valor
Certo dia, o zelador
Numa infausta distração
Deixou um daqueles pratos
Espatifar-se no chão
Ao saber do ocorrido
O príncipe referido
Viu-se em grande irritação
O funcionário em questão
Mesmo sendo dedicado
Por causa desse acidente
Foi à morte condenado
Aquilo se dissemina
Toda discussão domina
No império mencionado
Um velho sábio, 'rodado'
Sabendo da malvadeza
Quis salvar o pobre servo
E disse pra Sua Alteza:
"Restituo a coleção
Em troca de seu perdão
Deixando essa vida ilesa"
Tocado pela presteza
Dum homem experiente
O príncipe logo aceita
Sua oferta diligente
A pedido do velhinho
Uma toalha de linho
É trazida ali, urgente
Numa mesa à sua frente
A toalha é estendida
Em cima, os pratos restantes
Da coleção lá mantida
A porcelana em pedaços
D'outrora prato estilhaços
Na cena foi incluída
Com a corte reunida
O sábio puxa a toalha
Porcelanas viram cacos
Dita coleção se espalha
Diante de estranho fato
O príncipe, estupefato
Pensou consigo: "canalha!"
A explicação não falha
Fala o sábio: "concluí!
Os pratos estão iguais
Conforme lhe prometi
Mas se a vida vale pouco
Mande me matar, sou louco
Pois os seus bens destruí"
"Muitos anos já vivi
Estou idoso o bastante
Minha vida em sacrifício
Eu entrego neste instante
Onze almas poupo assim
Não tenha pena de mim
Riqueza é mais importante"
Passada a cena chocante
E comovido por certo
O nobre pensa melhor:
"Não estava sendo esperto
Inverti os meus valores
Fui injusto c'os senhores
Que, satisfeito, liberto..."
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* Adaptação de texto recolhido na internet