O reduto contra a aranha

Fugir do padrão espanta

Assusta ou causa furor

No gado que segue e canta

Conforme a voz do interesse

O induziu com seu falsete

Sem saber por que cantou

A aranha tecendo há séculos

Os jeitos, formas e gestos

Modelos de se pensar

Concepções que, contestadas

Pré-exclui outra manada

Que insista em discordar

São os guetos filosóficos

Que sempre proliferaram

Minando os fios da teia

Em debates antropofágicos

Dos intelectos ácidos

Que correm nas suas veias

Como a sábia natureza

Que funciona sozinha

Caos de forças em oscilação

O sistema gerencia

Detalhes que se sentia

Desconhecendo a razão

Murro em ponta de faca

Arremedo de projeto

Idéias turvas, dejetos do arquétipo oficial

Ouvidos surdos serenos

Quase imunes a esse veneno

Do alimento social

O filósofo idealista

Mira na sua conquista

Muito além do que se ousa

Já que o além é infinito

O sistema não escrito

Faz o que é ser outra coisa

Enquanto o pensar prossegue

Driblando a ordem corrente

Acuado e persistente

Como a nada se compare

O sistema esmaga o homem

Mero boneco que come

Logo cede, tudo em nome

Do que acha que lhe cabe