Minha boca diz não constantemente, mas meu peito espera ele voltar.
Hoje choro na noite longa e fria,
madrugada de dor, pranto e tristeza
sem ter mais seu carinho e beleza,
enfeitando meu leito... que agonia!
Ao mirar esta casa tão vazia...
sem mais ter seu sorriso, seu olhar,
o meu corpo se dobra a clamar,
esperando o milagre mais urgente.
Minha boca diz não constantemente
Mas meu peito espera ele voltar!!!
A tristeza que mora no meu peito,
ontem foi arremedo de alegria,
foi um brilho, um trago de poesia,
que viveu brevemente em nosso leito,
mas a dor da partida, não tem jeito...
deixa marca, profunda a castigar,
se tão breve canção me fez sonhar,
este sonho foi raso e transparente.
Minha boca diz não constantemente,
mas meu peito espera ele voltar!
Entranhou no meu ser como espinho,
rubra cor, que sangrou meu coração
o que antes foi cor de meu verão
transformou-se em tintas cor de vinho,
tatoou no meu corpo o desalinho,
linhas curvas erradas e sem par,
qual a nau, oscilante em negro mar,
vou perdida chorando, reticente...
minha boca diz não constantemente,
mas meu peito espera ele voltar!
Mote Luciene Soares
Glosa Dete Reis