ESTRIPULIAS DE UM CASAL APAIXONADO

Tentando apimentar

O seu relacionamento

Ela resolveu comprar

Alguns novos incrementos

Que quebrassem a rotina

E injetassem adrenalina

Ao seu sólido casamento:

Uma calcinha fio-dental,

Um baby-doll transparente,

E um óleo corporal

Seriam suficientes

Para acordar a libido

Que nela e no marido

Dormia profundamente.

Foi aí que uma amiga

Recomendou-lhe cuidado,

Pois numa relação antiga

Fica o casal acomodado

E quando se demora

Acender o fogo de outrora,

Ao corpo é arriscado.

Ele não aguenta mais

Estripulias desgastantes

Como os fetiches sexuais

Em demasia excitantes.

O corpo, velho e cansado,

Após o fato consumado

Sofre dores constantes.

Mas, sorridente e fogosa,

Ela sequer deu atenção

À amiga cuidadosa

E cheia de preocupação

Com os “efeitos colaterais”

Das estripulias sexuais

Num casal quase ancião.

-“Meu marido vai gostar

Da minha dança sensual

Que a ele hei de mostrar,

De baby-doll e coisa e tal.

Logo depois me despirei

Mostrando-me ao meu rei

Apenas de fio-dental.

O que acontecerá depois

Eu não poderei dizer,

Apenas que nós dois

Nos fartaremos do prazer

Pelo amor provocado

A um casal apaixonado

E sem nada a temer”.

Disse isso e foi-se embora

Requebrando os quadris,

De uma jovem senhora

Tão fogosa quanto feliz...

Em seu rosto transparecia

O desejo que a faria

Do esposo uma meretriz.

Mas como bem previu

A amiga preocupada,

Seu corpo não resistiu

Aos trancos da noitada.

E ela, então, ligou

Para a amiga e falou

Que estava prejudicada.

Disse que iria faltar

Ao trabalho naquele dia,

Pois o corpo, médio-secular,

Intensamente lhe doía.

Alegava que um indesejado

E traiçoeiro resfriado

Fortemente lhe consumia.

Sua história mal contada

A ninguém convenceu,

Muito menos à dedicada

Amiga que Deus lhe deu.

E foi essa sua amiga

Que, sem fazer intriga,

Me contou o que ocorreu.

Por isso estou aqui

Contando-lhes em poesia

O que dessa moça ouvi

Sobre a tal estripulia

Do casal apaixonado

Que sofreu um bocado

Após sua noite de orgia.

Se é verdade ou não

O que me foi relatado

Sobre o quase ancião

Casal apaixonado

Não fico sem dormir,

Mas já posso presumir

Que serei “excomungado”.

E se excomungado eu for

Por estes versos insolentes

Peço-lhes um favor:

Digam que sou inocente

E que só faço poesia,

Inda que, em demasia,

Alguns fatos eu aumente.

Joésio Menezes
Enviado por Joésio Menezes em 29/04/2011
Código do texto: T2938705
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