A FAMILIA BATORÉ.

Conheci uma família,

Grande e desmantelada,

Entre grandes e pequenos,

Era uma dúzia contada,

Oh turma de gente feia,

Igual chave de cadeia,

Na sexta de madrugada.

O pai era bem zarolho,

Com um bigode infame,

De cabelos arrepiados,

Como se fosse de arame,

Era fanho e cambota,

Era mesmo uma marmota,

Daquelas que dá vexame.

A esposa por sua vez,

Era corcunda e magrela,

Escurinha que faz gosto,

Mais parecia berinjela,

Tinha a voz grosa e rouca,

Sem nenhum dente na boca,

Falava sem ter tramela.

Imaginem duas peças,

Desse perfil se amando,

O de bigode ouriçado,

E a banguela se beijando,

Deve ser uma loucura,

Essas duas criaturas,

A tal arte praticando.

Deixemos os dois de lado,

Pra falar da filharada,

Que ao todo eram dez,

Parecendo uma escada,

Nove marmanjos e uma filha,

A mais nova da família,

A melhor afeiçoada.

Benedito o mais velho,

Joaquim e Jeremias,

Ermírio e Jurandir,

Onofre e Leonias,

Tinha até o Clementino,

E o tal de Zé Rufino,

A caçula era Maria.

Benedito era alto,

Negro e corpulento,

Feio que dava medo,

Forte igual um jumento,

Tinha o beiço virado,

Os olhos esbugalhados,

O coitado era um tormento.

Já o tal de Jeremias,

Sujeito feio de amargar

Do cabelo avermelhado,

Fedido feito um gambá,

Esse era bochechudo,

Boca grande e narigudo,

O verdadeiro sarará.

Joaquim era baixinho,

Parecendo um anão,

Moleque cabeça seca,

Seis dedos em cada mão,

Cabeludo igual macaco,

Era igual um pé no saco,

Pra entrar em confusão.

Ermírio era engraçado,

Todo cheio de lorota,

Pra contar uma piada,

Não trocava suas botas,

Tinha o pescoço comprido,

Uma bola no umbigo,

E a perna esquerda torta.

Jurandir era acanhado,

Por ser feio por natureza,

Nem na hora do almoço,

Vinha se sentar a mesa,

Era todo encalombado,

E o corpo todo manchado,

De dentes só tinha as presas.

Onofre era negrinho,

Parecendo um açaí,

De nariz bem achatado,

Gordo igual um caqui,

Com pernas de pelicano,

As orelhas de abano,

Esperto feito um Saci.

Leonias caro amigo,

Esse era um caso perdido,

Era manco de uma perna,

E só tinha bom um ouvido,

Sem óculos ele nada via,

E quando sua boca abria,

Urubu perdia o sentido.

Clementino e Zé Rufino,

Gêmeos de nascimento,

Um gordo e outro magro,

Nascidos fora de tempo,

Eram loucos por esporte,

Porem nenhum teve sorte,

Por ter cabeça de vento.

Restando só a caçula,

A menininha Maria,

A única que se salvava,

Dessa enorme agonia,

Mesmo assim era sardenta,

Vermelha feita pimenta,

Mas tinha a cabeça fria.

Foi a família mais feia,

Que consegui conhecer,

Mas tinha bom coração,

Prestativos pra valer,

Cada um tem seu jeito,

Todos nós temos defeitos,

Isso eu garanto a você.

21/04/2011.

CBPOESIAS
Enviado por CBPOESIAS em 21/04/2011
Reeditado em 21/04/2011
Código do texto: T2922766
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