O Coronelismo.
O CORRONELISMO.
Honorato Ribeiro.
Há muitos anos aqui,
Aqui e em todo sertão
Coronelismo é vigente
Como os cabras de Lampião
Se correr o bicho pega
Pode trazer sua vela
Pra fazer a extrema-unção.
Coronel tinha jagunço
Todo canto da cidade
Quem estivesse do seu lado
Era isento de crueldade.
É assim todo o agir
Da mesa redonda, aqui,
O regime da cidade.
Coronel há em todo canto
Quem assume o poder
O dinheiro é o seu senhor
O Ter é maior que o Ser.
Fica desumanizado
Todo ser é humilha
Quem não quer lhe obedecer.
Coronel é poderoso
Desde seu descobrimento
Este Brasil varonil
É a história de rebento
Como um aborto nasceu sim
Índio, africano e por fim
Os padres fizeram bentos.
Coronel foi bandeirante
Autoritário valente
Pobres índios dessa terra
Roubaram tudo da mente
Deu-lhes outra educação
Nos donos dessa Nação
Ficaram todos doentes.
Transmitiram tais doenças
Nos pobres índios indefesos
Muitos deles suicidaram
Ao ser escravo dos mesmos
Os coronéis judiaram
Dos índios, negros mataram
E todos ficaram ilesos.
Os coronéis dos engenhos
De açúcar cá do sertão
Maltratavam africanos
Com a sua escravidão
Tinha o capitão do mato
Era um tipo bem malvado
E marravam no mourão.
O sistema se espalhou
Aqui e em todo sertão
Se implantou o coronelismo
Uma peste de então.
Não se usa o fuzil
Nem o chicote do mais vil
Mas usa a perseguição.
As ideias se espalharam
Do coronelismo vão
Vão corromper juventude
Quem não quer ser cidadão
Nas escolas há diretor
Que quer ser um ditador
Na política há mensalão.
Acabou-se a palmatória
Era a educação antiga
Mas a ideia do ensino
Tem gente que quer ter briga:
Aqui quem manda sou eu
Fora daqui, seu judeu...
O ditador quer intriga.
Tem muita gente que é déspota
Como coronel de engenho
Suas ideias arrogantes
´São duras tal como o lenho
Tem dinheiro, grita forte
É temente qual a morte
E o remeiro tem seu remo.
O coronelismo é praxe
Aqui em nosso sertão
Ferra gente como gado
Em tempo de eleição
“Porque gado a gente mata,
Tange, fere e maltrata,
Mas a gente é cidadão”.
A educação ta capenga
Paulo Freire imaginou:
“Tem que ensinar diferente,
Com a pedagogia do amor”.
Do modo do coronel
No dedo está o anel
E a ideia se vigorou.
.
Se vigorou o coronelismo
Com ideia de ditador
Revestido do poder
Dominante tentador.
Conhece-se o gigante
Pelo dedo do arrogante
No Sertão se implantou.
Político de má fé
Não quer ver educação
Deixa o povo analfabeto
Pra não saber que é ladrão.
Diz que a seca do Nordeste
É coisa de Deus celeste...
Diz que não tem jeito não.
O que é coronelismo?
São ideias superadas
Dos que querem dominar
Quase sempre são malvadas
Não tem cara de elegante,
Mas tapa a cara dominante
Cobre o rosto e as pegadas.
Coronel é endeusado
Por causa do seu dinheiro
Faz fila à sua porta
Como se fossem obreiros
São todos já controlados
Pelos cabos são ferrados
São escravos verdadeiros.
É difícil se acabar
O coronelismo nato
Tem que educar os jovens
Para livrar dos seus atos
Os atos dos mercenários
São enormes e contrários
São treiteiros como ratos.
O coronelismo é:
A ação contra o cidadão
Povo não tem liberdade
E o diálogo não tem, não.
A mordaça é colocada
O medo invadiu em cada
Do coveiro cortou a mão.
Muita gente se escraviza
Por não se alfabetizar
Acha bom certo político
Por não saber enxergar
Muitos são aduladores
Do chefe são bajuladores
Por não ter educação.
Você, meu caro leitor,
Que mora aqui no sertão
Que não sabe o dinheiro
Que é seu e não do patrão.
Deva saber direitinho
Que é seu o dinheirinho
Que recebe na eleição.
O coronel age é assim
Pra dizer que é bonzinho
Mas lhe ferra como gado
Dizendo ser seu paizinho,
Mas o pobre do eleitor
Do coronel é protetor
Virando-se escravozinho.
Agora vamos falar
De um outro coronel:
São pessoas arrogantes
Educados em bordel
A gente ver espalhados
Na casa até nos telhados
Pendurados num cordel.
Tem pai que é coronel
Que não tem educação
A base dele é o chicote
E não dá religião.
Não ama a sua mulher
Nem um carinho sequer
Aos filhos só palavrão.
Quem ouve um só lado é:
Um coronel no poder
Ama muito o fofoqueiro
Achando que é dever.
Da verdade vira as costas
Nem quer saber se alguém gosta
Ele quer se satisfazer.
Esse tipo de atitude
Se espalhou no mundo inteiro
O mundo já entrou em caos
Pede convite ao coveiro
Vamos fazer uma guerra
Consertando toda a terra
Para um mundo verdadeiro.
O mundo está doente
Precisa a gente curar
Do coronelismo vigente
Educando-se para amar.
Faça escola democrática
Desde aqui até Antártica
Só assim pode se salvar.
Pra acabar com os coronéis
É dando-lhes educação
Democratizando todos
Do Nordeste ao Sertão
Somente assim o Brasil
Que é Gigante varonil
Será uma grande Nação.
Ser coronel é agir
Agir como um ditador
Que não dá a liberdade
De diálogo ao servidor
Seu império é daninho
Embebeda com o vinho
Se transforma num pavor.
O diálogo não existe
Sua palavra é autoritária
É de rei não volta atrás
E acaba em gritaria.
Não tem participação
É duro de coração
E diz que tem maioria.
Há monarquia e república,
Comunismo e ditadura
Em todas há o coronel
No regime que atura;
Liberdade para a gente
Só existe pra tenente
Das patentes sem postura.
No Médio São Francisco
Tem coronel ditador
Dá ordem pra todo mundo
Seja autoridade quem for
Quem não quiser atender
Vai ter que se arrepender
E sua vida complicou.
Tem força lá em Brasília
O coronel amigão
De deputados e governos
Que mandam nessa Nação.
O sistema é bem montado
É um sistema malvado
Ninguém dá uma solução.
Pra ser do Primeiro Mundo
Pro Brasil é a educação
Transformando adolescentes
Para a civilização
Numa nova pedagogia
Já na pauta em agonia
Transformando o cidadão.
Assim o Brasil será
Viável e independente
O coronelismo acaba
Num segundo de repente,
Mas sem a educação
Toda essa geração
Se escraviza lentamente.
O regime democrático
Será a melhor opção
Pra acabar o coronelismo
Aqui, e em toda nação
Tem que mudar a política
Que em todo canto está crítica
Cassem logo o ladrão.
No Congresso está cheio
De coronel sem galão
Mas as ideias são velhas
Ainda é com ferrão
Os currais eleitorais
Ferram como animais
Que precisa uma solução.
Precisa mudar urgente
Projeto novo em Brasília
O povo está esperando
Ua mudança na Cartilha.
Se a reforma não sair
O povo tem que exigir
Não votar mais em matilha.
O mundo civilizado
Não tem tanta corrupção;
Lá não tem coronelismo,
Nem Major nem Capitão
Todos obedecem as Leis,
Até os filhos de rei
Nas escolas têm lição.
O mundo ficou sem Deus
No lugar ama o dinheiro
É a economia de loucos
Onde bancam os banqueiros.
O pobre não tem valor
Sol queima o trabalhador
E o feijão vem do obreiro.
O coronelismo tem
Sistema dominador
Desde o engenho o negro
Foi bem pobre sofredor
O açúcar foi grande o ouro
No cofre encheu o tesouro
Do suor do trabalhador.
A esperança é utopia
Bate forte no coração
Pra acabar com o sistema
Tão desumana ação!
Os jovens têm que abraçar
E aos poucos transformar
Com base na educação.
Os jovens são o futuro
Do Brasil, dessa nação
Se educando dia a dia
Livrando da opressão.
Só assim se acabará,
Aqui, e em todo lugar
E o coronel tira o Galão.
O coronelismo tem
Poder bem absoluto
Na média e no poder;
Um poder cruel e bruto,
Pois é sempre um ditador.
Um déspota e vingador
E o povo veste de luto.
O coronelismo é
O homem autoritário
Que abusa do poder
É rodeado de otários.
Seu poder absoluto
Tal como um animal bruto
Odeia até o vigário.
O nordeste está bem cheio
Desse tipo de mandão
É o mal de sete dias
Que se alastrou no sertão.
Vamos todos de mãos dadas
Acabar com essa praga
Pra haver libertação.
O fuzil não acabou, não!
Nem a bala do canhão
Continuam nas ideias
De fazer dominação
Nas escolas e nas fazendas
Os coronéis fazem emendas
Pra ter o poder na mão.
Quem é coronel também
Com idéias dominantes
São os que não têm diálogo,
São muitos dos governantes:
Eles sobem no poder
Se escondendo no saber
E assume como reinante.
Têm diretor e professor
Acham ser donos do mundo
Ditam e mandam como rei
E assume e vão profundo
Com idéias bem velhacas
Corroída pela traça
Dormem no abismo profundo.
Já no século vinte e um
Existe ainda o coronel
Nem vê a tecnologia
E o avanço da Natel.
Sua vida não mudou
Paternalismo o cegou
Nem escuta a Emanuel (Jesus).
O assistencialismo é
Uma coisa bem comum
Pra sustentar o poder
Já no século vinte e um
Coronel controla tudo
E o povão fica mudo
Com medo da bala dundum.
É comum o dá lá dá cá
No tempo da eleição
O eleitor é marcado
No caderno do patrão.
Ele é paternalista
Sua agenda se faz a lista
Ao eleitor da a mão.
A Bahia está cheio
De coronel no poder
Nas cidades do interior
É comum voto vender
Ainda aplaude o comprador
Do prefeito e vereador
Quer ganhar, não quer perder.
A Bahia e todo o nordeste
Coroneis são muito fortes
Também lá no Maranhão
Tem coronel do Norte
Está no Brasil inteiro
Esse ato costumeiro
São cobras que dão o bote.
Essa escola começou
Com a patente comprada
Dos coroneis do sertão
De farda, galão e espada
Todo mundo tinha medo
Do coronel o segredo
Tudo feito e afogada.
A paz e a liberdade
É rara cá no sertão
São coisas de coronel
Que age sem ter razão
O analfabetismo é bom
Na boca passa batom
“Ser ou não ser, eis a questão”.
A mordaça sempre há
A questão é se calar
O castigo vem à tona
De Domingos Calabás
Você tem que defender
Pro coronel proteger
E o emprego assegurar.
Liberdade pra coronel
Não existe, meu irmão!
Ele ama o adulador,
Puxa saco e valentão.
Pra todo mundo ter medo
De denúncia ou degredo
De crime de eleição.
Aqui quem quiser ganhar
Na próxima eleição
Tem de ser compra de votos
Pra fazer corrupção
O Congresso proibiu,
Mas aqui se exibiu
Com o coronel em ação.
Eu digo aqui e não digo
Pois é em todo o sertão
Tem que mudar o sistema
De votar na eleição
Diz quem votar no partido
É fato já decidido
Pra evitar corrupção.
O povo já acostumou
De votar no candidato
Escolher o homem certo
Não em partido que é chato.
Mas o povo está sabido
E muitos já bem vividos
E o coronel sai do ato.
Só assim acabará
O coronel no sertão
Tô torcendo pra mudança
Pra melhorar a questão
A compra de votos some
Não votamos mais em nome
Em coronel de galão.
Será que isso dá certo?
Vamos ver o acordão....
Da reforma em Brasília
Do futuro da eleição.
A reforma já foi feita
E a massa insatisfeita
Pois quem manda é o bolão.
Se os cabos eleitorais
Agirem nas zonas rurais
Vai haver compra de votos
Que repassam o real.
São os gatos noite e dia
Nos currais fazem valia
Ferra o povo qual animal.
Pra acabar com tudo isso
Tem que haver renovação
Na política brasileira
No Congresso da Nação
“Ordem e Progresso” tem
No Pavilhão tem também
Só precisa resolução.
O Brasil Terceiro Mundo
Tão rico e tão valente!
Não é só de futebol
Que é a riqueza da gente
O Brasil tem seus minérios,
As riquezas jorram sérios
Somos pobres e ricos, gente!
hagaribeiro. 20-04-2011.