CARMELA
CARMELA
Debaixo deste sombreiro,
A moça vê o carroceiro
vem chegando sorveteiro,
com doce do umbuzeiro.
É gostoso, mas visguento,
O vendedor perebento
Puxa o carro no relento,
Prá recolher seu sustento.
A moça agora saciada,
Olha bem prá passarada
Por sua mãe é chamada,
Volta andando na calçada.
Outro dia despontou,
A Carmela acordou
Prá meiga mãe implorou,
E por fim manipulou.
Quer ver o namorado,
bom tempo já é passado
O tal moço desgraçado,
Não contou que é casado.
O pai dela é carpinteiro,
Quando souber bem ligeiro
Vai haver um tiroteio,
Pra furar o forasteiro.
Um vizinho muito manso,
Certo que ganha rancho
Vai acoitar no remanso,
da lagoa de seus gansos.
Mas o tal sobe correndo,
A culatra espremendo
Morto de medo gemendo,
O homem sai escafedendo.