FILHOS DESNATURADOS
Companheiro, eu apresento,
já aprendi a beleza
que mora na flor daqui,
no amor, de outras coisas,
não descasco a ferida
prá ver o sangue verter,
só quero um último alento .
Meu amigo pare de soluçar,
não faça um reboliço
ninguém vem te visitar,
neste abrigo de velhinhos
foi o que sobrou prá nós,
o mundo é de malvados
nós temos que agüentar.
Venha aqui fique perto ,
sua filha não lhe visita
tem coisa prá fazer,
ainda não fez o retiro
da consciência correta,
dar carinho aos velhinhos
um dia saberá o certo.
Seu Zé reza prá voar,
espera a família, não vem
falta de dinheiro não tem,
o dia inteiro fica esperando
perambulando ou sentado
é repetido prá ele
que só Deus pode levar.
Estou com noventa janeiros
acho que é isso, não consigo
mais lembrar, mas lhe digo:
-O beija-flor com uma flor se paga,
a cigarra cantadeira não machuca,
respeito a formiga carregadeira
que ladeia o formigueiro.
Vão aprender o acontecido,
também respeitar o próximo ,
aquele da cabeceira da mesa
olhos brilhantes de alegria,
de ver toda a família
dar as mãos para rezar,
hoje no asilo entristecido.
Esperar um ato honroso,
nos jovens de hoje em dia,
ter seus idosos em casa,
mantê-los belos formosos
com saúde e alegria
contando as fantasias
nenhum sinal horroroso.