FILHOS DESNATURADOS

Companheiro, eu apresento,

já aprendi a beleza

que mora na flor daqui,

no amor, de outras coisas,

não descasco a ferida

prá ver o sangue verter,

só quero um último alento .

Meu amigo pare de soluçar,

não faça um reboliço

ninguém vem te visitar,

neste abrigo de velhinhos

foi o que sobrou prá nós,

o mundo é de malvados

nós temos que agüentar.

Venha aqui fique perto ,

sua filha não lhe visita

tem coisa prá fazer,

ainda não fez o retiro

da consciência correta,

dar carinho aos velhinhos

um dia saberá o certo.

Seu Zé reza prá voar,

espera a família, não vem

falta de dinheiro não tem,

o dia inteiro fica esperando

perambulando ou sentado

é repetido prá ele

que só Deus pode levar.

Estou com noventa janeiros

acho que é isso, não consigo

mais lembrar, mas lhe digo:

-O beija-flor com uma flor se paga,

a cigarra cantadeira não machuca,

respeito a formiga carregadeira

que ladeia o formigueiro.

Vão aprender o acontecido,

também respeitar o próximo ,

aquele da cabeceira da mesa

olhos brilhantes de alegria,

de ver toda a família

dar as mãos para rezar,

hoje no asilo entristecido.

Esperar um ato honroso,

nos jovens de hoje em dia,

ter seus idosos em casa,

mantê-los belos formosos

com saúde e alegria

contando as fantasias

nenhum sinal horroroso.

Zastra
Enviado por Zastra em 06/04/2011
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