Cangaceiros e coroneis.
CANGACEIROS E CORONEIS.
Honorato Ribeiro.
Eu vou narrar pra vocês
A história sociológica
Dos jagunços e fanáticos
Com uma pesquisa lógica
Dos cabras de Lampião,
Dos jagunços do sertão
Com uma precisão histórica.
Muita história foi contada
Dos jagunços do sertão
Mas ninguém narrou o porquê
O fato da insurreição;
Desde Antônio Conselheiro
E outros lá de Juazeiro
E mesmo a de Lampião.
A sociedade é injusta
Para o pobre lavrador,
Grandes latifundiários
Exploram trabalhador
Por isso o povo irado
Une-se bem revoltado
Contra os dominadores.
Quem foi então os jagunços?
Foram os pobres sem terra;
Não deixou que a exploração
Lhe escravizasse deveras.
Uniram-se a Lampião
Veio uma multidão
E organizou a sua guerra.
A história se repete
Em todo o Brasil a fora
De capanga a pistoleiro
Correndo com os que moram.
São os grileiros de terra
Que matam donos qual feras
Os latifúndios de agora..
Lavradores e posseiros,
Padres e sindicalistas
São mortos por pistoleiros
Pagos por capitalistas.
Se houvesse qual Lampião
Os jagunços do sertão
Chamavam de comunistas.
O que aconteceu em Canudos
Não foi fanáticos, não.
Foi um povo revoltado
Com a tal situação...
Desde o Beato Laurêncio
E muitos outros propensos
Uniu-se em todo o sertão.
Os sem terra almejaram
Viver a reforma agrária,
Mas os senhores feudais
Não davam um taco de área.
Só mantinha a escravidão
Trabalhador em sua mão
Aboliram a Lei Áurea.
Em Juazeiro do Norte
Padre Cícero Romão
Deu apoio a todos os cabras
E a turma de Lampião
O clero não satisfeito
Deu parte em Roma ao prefeito
E foi suspenso o seu sermão.
Porém o povo o elegeu,
Seu privilégio subiu:
De padre a Padim Cícero
E o fanatismo subiu.;
Até hoje é tão famoso,
Ídolo mais carinhoso,
Que todo povo o ungiu.
Se ele estivesse vivo
Hoje o clero o apoiaria;
É que a história repete,
No Brasil em romaria.
O lavrador e posseiro
Morrem muitos por grileiros
E padres da freguesia.
O problema é com a terra
Que gera a situação,
Forma grupo de jagunço
Que enchia todo sertão;
Pois a crise é social
Dos grandes do capital
Que manda nessa nação.
A história de Lampião
Só fala de cangaceiros,
Malvados e assassinos
Sendo grandes trapaceiros,
Mas com ação da polícia
E de toda a sua milícia
Não fala nem por dinheiro.
Conta-nos o Ruy Faço
No seu livro “Os Cangaceiros.
E fanáticos” quem são :
Eram os pobres roceiros.;
Que lutavam como feras
Para adquirir suas terras
Lutavam pobres posseiros.
A polícia defendia
Os fazendeiros matar;
Perseguia os cangaceiros
Inda fazia estraçalhar,
Nas vilas e povoados
Eram mesmos muito bravos.
Ficava o povo a chorar.
A polícia era malvada
Matava gente inocente:
Homem, mulher e criança
E quem não era valente.
Os jagunços no serrado,
Medo tinha os soldados
Essa é a história patente.
Os cangaceiros de Crato
Dos maiores do sertão,
Zé Pedro era o seu nome
Comparsa de Lampião,
Era um dos revoltados
Os latifúndios cotados
Com tamanha proteção.
Escola era só para rico,
Pobre não tinha, não,
Terra era dos coronéis
Que mandavam no sertão
Por isso veio a rebeldia
Dos pobres sem a valia
Sem nenhuma proteção.
A situação era a mesma:
Padre Cícero Romão,
O Floro Bartolomeu
E os cabras de Lampião,
Até Antônio Ferreira,
Sua fama verdadeira
Foi ajudar a seu irmão.
Até o Bento Laurêncio
Com seu zebu milagreiro
Foi pro campo bem armado;
E com todo cangaceiro.
A matança foi tão grande
Que correu rio de sangue
Fizeram os pistoleiros.
Também o clero apoiava
A lei do governador
Condenava o padre Cícero
Sendo bom e pregador;
O povo já revoltado
Foi pro campo bem armado
E virou profanador.
Assaltaram as igrejas
Quebrando objetos sagrados;
Em Recife e em Pernambuco
Também fizeram assaltos.
O arcebispo já expedira
E para os padres pedira
Pregar contra os revoltados.
Revoltado ficou o povo,
Que ouvia o Conselheiro,
Antônio era o seu nome
Que era um líder verdadeiro;
Pois seus bens dividiu tudo
Quem vivia em Canudos
E tornou-se um bom obreiro.
A denúncia também foi
Contra o Bento Laurêncio
E os Doze Pares de França,
Chefes leigos bem propensos;
Em todo o sertão havia,
Cangaceiro e tirania
E todos ficaram tensos.
Já com Horácio de Matos,
Coronel cá do sertão,
Como era briga de rico
Governo não interviu, não.
Eram os latifundiários
Que os jornais e os diários
Noticiavam ao povão.
José Pereira, Famoso,
Era chefe cangaceiro,
Considerado o maior
Dos chefes de bandoleiros;
Todo mundo o respeitava
E porque ele dominava
Riquezas e os garimpeiros.
Essa história dos jagunços
Toda parte do sertão
Teve sua causa justa
Dos cabras de Lampião;
O Antônio Conselheiro
Um líder bem verdadeiro
Que organizou a união.
Queria ele que seu povo
Vivesse o socialismo
Com base nos evangelhos
Contra o tal capitalismo;
Mas sua metodologia
Sem base na teologia
Pro clero foi fanatismo.
O Floro Bartolomeu
Grande médico e político
Apoiava o padre Cícero
E aos latifúndios maníacos.
Contrataram os capangas
E arregaçaram as mangas
E gerou-se tais conflitos.
O pobre ficou sem terra
Nem um pedaço de chão;
Outros davam seus terrenos
Padre Cícero Romão;
Por isso surgiu à beça
Muitos levaram à breca
Por medo de Lampião.
Por causa das injustiças
Ao povo trabalhador
Surgiu também em Canudos
Conselheiro e pregador:
“Dizia que povo unido
Jamais será vencido.”
Lutaram com tanto amor.
Certo dia em Juazeiro
Padre Cícero Romão
Mandou chamar Virgulino,
O famoso Lampião.
Para lutar do seu lado,
Perseguir Prestes e aliados,
Deu-lhe toda munição.
Deu-lhe farda e armamento,
Patente de capitão,
Mas de cabra inteligente
Era também Lampião.
Porque defendia os pobres
E sem terra e não os nobres
Do padre Cícero Romão.
Lampião pegou suas armas
E também a munição,
Mas porém traiu o padre
Seu padrinho de benção.
O caso era social,
Ético e também moral
Dos pobres do seu sertão.
Prestes defendia o povo
Da exploração social
E o governo perseguia
Com todo o policial;
Por isso agiu Lampião
Não perseguiu Preste, não,
Porque não era seu rival.
Se Lampião era malvado,
A polícia era bem pior,
Pois matava até criança,
Mulher e gente maior.
Nas cidades e povoados
Inocentes maltratados;
Eles matavam sem dó.
Aí então o governo
Não punia tais soldados,
Porque não eram jagunços
Eram os malvados fardados;
Maria Bonita e outras
Que eram mulheres doutas
Personagens afamadas.
Mas o Preto Zé Laurêncio
Tinha terra por herança
Dado pelo padre Cícero
E ficou como lembrança:
Organizou um povoado
Em Caldeirão muito amado
Como irmão fez aliança.
Na terra eles tinham tudo
E viviam em comum
Tudo da comunidade,
Todos eram um por um.
Fartura era em abundância,
Ninguém possuía ganância
No meio deles alguns.
Eram duas mil pessoas
O povo de Caldeirão...
Gente simples e honradas
Sem nenhuma confusão;
Até um dia fazendeiros,
Gente cheia do dinheiro
Mandou pra lá um pelotão.
Puseram fogo nas casas
Destruíram Caldeirão!
O povo se revoltara
Com a injustiça de então.
Para Araripe rumaram
E de novo organizaram
Um tipo de mutirão.
Nem chegara construir
A polícia os expulsou;
Foram pra Pau-de-colher
De novo se organizou.
A polícia bem armada
Fez sua matança danada
E a morte se espalhou.
A razão dessa matança
Foram os latifundiários,
Por falta de mão de obra
Que fugiram os operários:
Pra não ser escravizado
Por eles ser maltratado
E não tinha um bom salário.
É a situação de hoje,
No Brasil, nessa Nação;
O rico fica mais rico
É o tal dito patrão.
Se não houver um presidente,
Um homem justo e prudente
Povo vira Lampião.
Por que existe morte?
Seqüestros, tantas matanças?
Porque poucos têm de tudo:
Terras, casas, muita herança.
É o pobre quem passa fome
De viver todos sem nome;
Só ricos têm sua poupança.
Hoje é latifundiário
E também tem marajás;
Cadê a reforma agrária
Que não querem aprovar?!
A reforma na política
Virou-se somente crítica,
Continuam a sonhar...
Que Deus deu a terra em prêmio
Para o homem trabalhar
Não foi pra fazer negócio
Comprando pra dominar;
O primeiro intruso dela
Cercou, vendeu morreu nela.
E aos índios fez grilar.
Não se compra a natureza,
É obra que Deus doou
A seus filhos a possuir
O trabalho com amor.
O dinheiro agora é ídolo
Adorado deus símbolo...
Sem Deus seu Salvador.
Termino a minha história
Da sociedade humana,
Que é desumana cruel
De divisão mais profana;
Veja a vida das formigas
Vivendo bem como amigas
Numa vida tão bacana!
É uma vergonha para nós,
Que dizem civilizados... (...?).
O mundo já está doente
E o câncer enraizado.
Não se sabe quem é o outro,
Mesmo que ele seja um douto,
Pois o AMOR foi abortado.
Professoras estão com medo,
Pais e mães também estão,
O povo está estressado
Faz-se fila no plantão.
Toma droga pra dormir
Neurose não quer partir
E não tem mais solução.
Expulsaram Jesus Cristo
No ensino escolar e no lar
Sem Deus vem a violência
Em todo canto que há.
Ninguém tem mais segurança,
Pois rompeu com a Aliança
Que Deus fez pra nos salvar.
04-04-11.
Hagaribeiro.