O Aviso da Morte.

O AVISO DA MORTE.

Honorato Ribeiro dos Santos.

Eu vou contar pra você

Um fato que aconteceu

Na vida de João Sozinho

Que vivia como plebeu;

Filho de mui pobre,

Muito distante de nobre

Da raça de europeu.

Sua mãe era piedosa

Fazia muita caridade

Ensinou seu filho João

Desde sua terra idade

Ser humilde para todos

E bastante caridoso

Não ter muita vaidade.

Assim cresceu João Sozinho

Vivendo um mundo de paz,

Mas não tinha muita sorte

Pois só vivia pra trás;

Dotado de inteligência

E com muita coerência

Habilidoso e capaz.

Na sua terra ninguém

Lhe dava valor real

Por isso João foi pro mundo

Atrás de vida leal.

Ser profeta em sua terra,

Disse Jesus, é devera!

O provérbio é geral.

Na capital de São Paulo

Ele arranjou bom emprego

Pra ser cobrador de ônibus

Duma famosa empresa.

Mas houve um desastre feio,

O ônibus perdeu o feio

Só escapou João por destreza.

No outro dia João Sozinho

Comprou passagem pro Rio

Chegou na agência, cedeu

A passagem pra seu tio.

Pegou fogo o avião

Todos viraram carvão

Não morreu pois desistiu.

João Sozinho tão confuso

Sem entender o mistério,

Mas Deus faz tudo certinho

Disse-lhe com bom critério:

Morte vem não sabe a hora

Deus me valeu desde agora

E não fui pro cemitério.

Um dia João andando só

E um tal ladrão lhe atacou

Pra roubar o que ele tinha;

Assim que lhe viu atirou.

O tiro acertou num velho,

Morrer agora não quero,

João Sozinho se escapou.

No outro dia bem cedinho

João foi comprar um jornal,

Em busca de outro emprego,

Pois sua vida andava mal.

Encontrou um pra servente

De pedreiro, foi urgente

Perto de um hospital.

Chegando lá, João falou

Do tal emprego anunciado,

O patrão lhe respondeu:

Que já tinha outro empregado,

Mas mesmo assim lhe aceitou

E com ele combinou

Pois João era do seu agrado.

Um dia um colega seu

Por inveja envenenou

A comida de João,

Pois dessa ele se escapou.

Como não sentia fome

Pra respeitar o seu nome

Deu pro gato que viajou.

Só depois que lhe contaram

Que ele tinha um inimigo

Prenderam logo o maldoso,

Pois João tinha muito amigo.

O gato bateu as botas

E João escreve com Jota

E Deus livrou-o do perigo.

Seu patrão era bondoso

Fazia tudo pro João

Ensinou-o a guiar carro

E comprou um caminhão;

Entregou-o a João Sozinho

E lhe ensinou o caminho

E a chave da direção.

Na primeira viajada

Ele com três companheiros;

Surgiram quatro sujeitos

E fizeram tiroteios,

Somente João que escapou

Mais uma vez se livrou,

Mas levaram o seu dinheiro.

Seu patrão lamentou tudo

O que tinha acontecido,

Mandou prender os culpados

Um havia já morrido.

Na divisão do dinheiro

Um ladrão dos companheiros

Que não tinha recebido.

João sem entender nada

Saiu muito preocupado

Ao atravessar uma rua

Um carro lhe pegou de lado.

João caiu sobre o asfalto,

Não quebrou nem o sapato

E nada ficou quebrado.

Levaram pro hospital

Não houve escoriação

Deram alta e ele saiu,

No caminho, ali no chão,

Ele avistou um dinheiro

Abaixou muito ligeiro

Levou um tiro de raspão.

Um ladrão também queria

A grana que alguém perdeu,

Quando viu o João pegar

Atirou, pegou e correu.

João ficou muito assustado,

Mas livrou-se do atentado,

Mas uma vez não morreu.

Quando foi no outro dia

Foi pro Rio de Janeiro

Trabalhar e dar o duro

E ganhar muito dinheiro.

No caminho o carro tomba

Pipocou qual uma bomba

E morreram os passageiros.

João Sozinho se escapou

E o chofer do caminhão,

Veio socorro e o levou

Todos mortos pelo chão.

João seguiu o seu destino

E louvor a Deus um hino

Pela sua salvação.

Assim que chegou ao Rio

Achou logo um emprego

De ser logo balconista

De uma loja de brinquedo

Tudo ia bastante Bem,

Se dedicava também,

Não havia desassossego.

Um dia houvera um incêndio,

Na sessão de seu trabalho;

Foi um corre-corre qual louco

João consigo: “Tudo é falho”!

Meu Deus, Dá-me segurança!

Pois tenho fé e esperança

Da sorte eu sempre me valho.

O mais engraçado foi

Que o João não se queimou,

Todo mundo ficou pasmo!

Como o João se escapou?!

Até bombeiros tostaram

Loja e produto acabaram

Nada do dono ficou.

Um dia João foi pra praia

E a maré lhe arrastou,

Sumiu pro fundo do mar

E o povo preocupou.

Pra não deixar afogar

O bombeiro foi salvar

Mas João Sozinho escapou.

Encontraram numa praia

Desacordado e gelado;

Levaram ao hospital

Com três dias parado.

Dizia o povo: Vai morrer,

Dessa vez eu quero ver,

Se vai ser bem amparado!

João Sozinho se escapou

Desse acidente no mar

E arranjou um novo emprego

Com um dono de um bar.

Era um ótimo patrão

E botou João ao balcão

Para o povo despachar.

Certa vez o João sonhou

Com uma mulher bem alta

Que corria atrás de si

Com uma enxada e uma lata.

A enxada era de puro ouro

Para ele era um tesouro;

Mas a lata era de prata.

Quando saiu do seu sonho

A porta estava arrombada

E o dinheiro da gaveta

Não deixaram mesmo nada.

Foi logo à delegacia

E deu queixa da valia

E citou quanto a bolada.

Assim que ele chegou

Da delegacia pro bar

Viu uma bomba relógio

Que já ia pipocar

João desligou o aparelho,

Correu qual peru vermelho,

E voltou pra trabalhar.

O ladrão queria ver

João morto naquela hora

Por isso armou a bomba

Pra pipocar dando o fora.

Agora João entendeu

E bom Deus lhe protegeu

Do sonho sonhado outrora.

O dono do bar falou:

Você não tem culpa, não

Continue no seu emprego

Pois eu vou lhe dar a mão.

Você é muito honesto

Eu gosto de homem certo,

Pois você é um cidadão.

Um dia João foi à missa,

Quando o padre lhe falou:

Que cada filho de Deus

Que a sua fé já provou,

Tem sempre um anjo da guarda

Que vai sempre em sua estrada

Pra cada homem mandou.

Assim João resolveu

Foi ao padre e confessou

Tudo que lhe aconteceu

E o padre lhe falou:

Deus está lhe avisando

Pra você ir meditando

Para a glória do Senhor.

Assim é com todos nós

No dia a dia aqui com a gente.

São mistérios de Deus Pai

Que dá para todo crente.

É preciso preparar

E a todo irmão perdoar

Porque Deus está presente.

João saindo da igreja

Foi fazer a sua barba,

O barbeiro enlouqueceu

E o olho se arregalava

Todo mundo ele cortou

Só a João foi quem sobrou,

Não tinha quem o segurava.

João levantou da cadeira

Por sorte ele não morreu;

O doido cortava tudo

Até o soldado correu.

Veio o Corpo de Bombeiro

Agarrou logo o barbeiro

E o João a Deus agradeceu

Todo mundo admirou

Como João se escapou

O sujeito fazia sua barba,

Quando o barbeiro endoidou,

Com a navalha na mão,

Que sorte teve João,

Não sei como não o matou.

João tem o “corpo fechado”!

Dizia o povo pela rua:

Já livrou de tanta coisa!

A morte é amiga sua!

Parece coisa do céu

Tem sorte que nem Noé!

E sua barca se flutua.

João Sozinho foi pro bar

Fabricar seu picolé,

Dormiu tranqüilo a noite

E rezou pra São José.

Pras almas santas benditas,

Para livrar das malditas

Pois a Deus tem muita fé.

O fogão de gás um dia

Explodiu lá na cozinha,

João estava preparando

Um pedaço de galinha;

Subiu tudo para o ar

João parou pra respirar

Ficou ferida a vizinha.

Não houve nada com o João

Só um susto que lhe deu.

Que coisa, meu Deus! Disse ele.

O que foi que aconteceu!?

Não sei como se explodiu

Esse bujão que partiu,

Quebrando o fogão meu.

Um dia o patrão de João

Mandou-o logo comprar Brahma,

Deu-lhe a sua chave do carro

Também uma boa grana..

Como estivesse cansado

E não tivesse apressado

Foi descansar em sua cama.

Levantou-se e partiu logo,

Mais adiante parou

O guarda pediu a carteira

João esqueceu não lembrou.

Ele voltou pra pegar

Procurou em todo lugar

Porém não a encontrou.

Seu patrão então mandou

Outro chofer que ele tinha

Levando seu documento

Colocou o carro na linha.

Mas ao passar não viu nada

E subiu numa calçada

E trombou na carrocinha.

Se João viesse guiando

Teria batido, sim,

Pois o dono da carroça

Queria ver o seu fim.

O chofer não foi culpado,

O tal dono era safado,

De propósito fez assim.

João já estava acostumado

Com o aviso da má morte.

Confiava muito em Deus

E por isso tinha sorte.

Nada lhe aborrecia,

Tudo que lhe acontecia,

Ele, porém, era forte.

Certa vez entrou num bar

Um cara mal encarado

Mandou botar uma pinga

E falou que era fiado;

Como não lhe conhecia

E não era freguesia

Não vendeu ao renegado.

O sujeito mandou bala

Mas não acertou no João;

O delegado ouviu o tiro

E prendeu o tal valentão.

Só, então, João percebeu

Tudo que lhe aconteceu,

Vendo a bala em sua mão.

Ele pegou aquela bala

Foi mostrar pro seu patrão.

Como foi que aconteceu?!

Vim a bala pra sua mão?!

Só mesmo um grande milagre

Cachaça virar vinagre,

Morcego virar pavão.

João um dia foi banhar

No rio duma barragem

O povo da companhia

Preparava da garagem

Banana de dinamite

Proibia logo convite

De gente banhar à margem.

Colocaram dinamite

Na dita pedra que João

Estava sentado nela.

Fizeram a ligação

Debaixo da pedra tava

A dinamite ligada

E não houve explosão.

Correram todos pro rio

Pra ver o que aconteceu

Viu João sentado na pedra

Puxa! Louco, quer morrer?!

Olha aqui a dinamite!

Tudo tem o seu limite

E João desapareceu.

Empregado da energia

Explicou tudo pro João:

Quando ele viu a dinamite

Ficou besta sem ação...

Como é? Não explodiu?!

Foi Deus que me acudiu!

Pois é isso, meu irmão!

Assim que João se afastou

Ligaram a chave de novo

Foi uma explosão muito forte

A pedra quebrou e o povo

Viu subindo para o céu

Pedaços da pedra ao léu

E João ficou bem nervoso.

Um menino curioso

Abriu a janela pra ver

Recebeu uma pedrada

E caiu no chão e morreu.

Mas a sirene soou

Avisando do horror

De o perigo acontecer.

João voltou para o trabalho

E a Deus agradeceu

De tudo que tinha havido

Contra ele e não faleceu.

Ele agora estava bem,

Agradece a Deus também

E com todo povo seu.

João sonhou como Jacó

Que conta o livro Sagrado,

Que os anjos do Senhor

Levou-o com todo agrado

Para o céu por uma escada

Viu a Virgem bem sentada

Junto do seu Filho amado.

Quando João se levantou

O padre estava rezando

Dando-lhe a extra-unção

Todo povo estava orando.

João sorria satisfeito

Vendo Jesus tão perfeito,

Pois estava comungando.

Morreu com oitenta anos

Foi feliz a vida inteira;

Sempre a morte lhe avisava

Para preparar sua eira.

Por isso morreu feliz

Vendo o céu cor de anis

Numa linda quarta-feira.

Leitor amigo, eu lhe digo

E posso lhe afirmar

Que a nossa vida é assim

O aviso sempre terá.

A morte vem ninguém vê,

Mês, dia, hora, talvez!

Se quiser a si matar.

Por isso prepare logo,

Ninguém sabe a hora certa

Preste conta de sua alma

Pra depois não ir à breca.

Seu Senhor sempre lhe diz:

Faça tudo o que Eu fiz

Essa é a sua meta.

Quem não quiser aceitar

Essa história que eu narro

Não se iluda é a verdade.

Poe fogo no seu cigarro.

É assim nosso caminho

Aqui não temos o ninho

Com o dinheiro agarrado.

Não levamos nada daqui

Somente a rica cultura

Essa é eterna não morrerá

Leva toda criatura...

Está no computador

Feito por Deus Nosso Amor.

Na cabeça há fartura.

Hagaribeiro.

Zé de Patrício
Enviado por Zé de Patrício em 27/03/2011
Código do texto: T2873792