Vida de Zé Saldanha
01
Divino Espírito Santo
Dai-me iluminação
Para eu narrar em versos
Com justeza e precisão
A vida de Zé Saldanha
Um poeta do sertão.
02
Ele já narrou em versos
A vida de muita gente
É cordelista afamado
Conhecido no repente
Mas de sua vida, em versos
O cordel está carente.
03
Zé Saldanha traz o nome
Do pai nutrício de Cristo
Seu genitor, também tinha
Nome de Santo: Francisco
E sua mãe era Rita
Um outro nome bendito.
04
O sertão foi o seu berço
A seca o seu cenário
A poesia e a rima
Foi o seu dicionário
O trabalho preencheu
Seus dias do calendário.
05
Era um ano fatídico
No cenário universal
O mundo via a primeira
Grande Guerra mundial
1918
Foi mesmo um ano brutal.
06
Neste ano Zé Saldanha
Nascia, predestinado
Para ser um lutador
Da vida, um bravo soldado
Sua Missão era grande
Deus estava do seu lado!
07
18 de fevereiro
Sua data de nascimento
De Francisco e Dona Rita
José foi o primogênito
O casal ficou feliz
Com a chegada do rebento.
08
Ele mesmo diz feliz
Que cresceu num lar de amor
Correndo atrás de gado
Com seu caro genitor
Plantando e fazendo roça
Nisto sempre foi doutor.
09
A fazenda Piató
Lá em Santana do Matos
No Rio Grande do Norte
Vamos registrar os fatos
Foi onde ele veio ao mundo
Rezam os documentos natos.
10
Este pedaço de chão
Por ele, ainda é querido
Porque foi onde nasceu
Cresceu e foi instruído
De sua memória e afeto
Nunca será esquecido.
11
Dedé, foi o apelido
Carinhoso que recebeu
Assim todos o chamavam
Por gente assim se entendeu
Era por todos querido
E deste jeito cresceu.
12
O lazer de sua época
Era mesmo a cantoria
Ou declamação de versos
Enquanto a fogueira ardia
No oitão da casa grande
Da fazenda em que vivia.
13
Neste tempo, o Dedé
Pra poesia despertava
Sendo ainda muito jovem
Alguns versos declamava
O povo gostava muito
E já o elogiava.
14
Junto com os seus irmãos
Vivendo neste ambiente
Zé Saldanha impregnou-se
De poesia e repente
Se preparava pra vida
Seria um homem decente.
15
Aos 20 anos de idade
Pela vontade divina
Zé Saldanha conheceu
Uma formosa “menina”
Mocinha e bem recatada
Chamada de Jovelina.
16
Zé Saldanha a comparou
A uma rosa perfumada
De todas que ele viu
Nos canteiros da estrada
Ela era a mais formosa
Virtuosa e delicada.
17
Namoro de outro século
E 38 era o ano
O recato proibia
Qualquer “desmantelo” ou “dano”
As vistas de um casamento
Esse era o único plano
18
Combinaram de casar
Sem qualquer impedimento
E os pais de Jovelina
Mostravam contentamento
Teresa e Manoel Alexandre
Davam o seu consentimento.
19
A 14 de novembro
Do ano 43
Na capela de Cerro Corá
O casamento se fez
Monsenhor Paulo Herôncio
Foi celebrante Cortez.
20
Logo depois de casados
Houve uma festa animada
Na casa dos pais da noiva
Muita gente convidada
Teve baile e cantoria
Naquela data marcada.
21
O jovem casal, então
Fixou sua moradia
Na fazenda Piató
Com amor e alegria
Iniciando a vida nova
Que o casamento exigia.
22
A casa em que habitaram
Já havia pertencido
Ao Seu Manoel Saldanha
De José, avô querido
Foi o primeiro aconchego
De Jovelina e o marido.
23
A vida de agricultor
Zé Saldanha entregou-se
Foi o seu primeiro ofício
Logo depois que casou-se
Foi assim que a convivência
Do casal iniciou-se.
24
Trabalhando na fazenda
Com agricultura e gado
Zé Saldanha procurava
Que tudo fosse zelado
Para com Jove erguer
Um lar bem estruturado.
25
Dona Jove, bem dinâmica
Nunca quis ficar parada
E alunos agrupou
Em uma luta travada
Alfabetizando os filhos
Daquela terra amada.
26
Logo no ano seguinte
Dona Jove Padeceu
De um duríssimo golpe
Que o destino lhe deu
Sua mãe, dona Teresa
Fatal infarto sofreu.
27
Problemas do coração
Ninguém podia entender
Não havia quem tratasse
Nem médico pra atender
Dona Teresa, coitada
Veio então a falecer.
28
Dona Jove enlutada
Teve que se reerguer
Porque o primeiro filho
Que haveria de ter
Era Rosáfico, o mais velho
Que acabara de nascer.
CONTINUA...
Thomas H. Saldanha
Natal, 08 de agosto de 2009
Dia dos pais.