MATUTO QUANDO SE MUDA

Matuto quando se muda

Não enche mêi caminhão

Na caçamba vão somente

Um fogão com seu bujão

Uma caminha simbólica

Uma antena parabólica

E a velha televisão!

A geladeira Brastemp

Sanguessuga de energia

Um sofá todo surrado

Remendado por Maria

E um mundéu de cacareco

Calcinha, espelho e caneco

Tudo numa só bacia!

Mas quem vê nem desconfia

Que o dono desse quinhão

Leva com essa mudança

Dentro do seu coração!

Um treminhão apinhado

Com sonhos por todo lado

No futuro em outro oitão!

A pouca coisa demais

Do cabedal que detém

Pro matuto pouco importa

Pois pra ele o maior bem

É Maria, sua nega

E o amor dessa burrega

Só mesmo ele é quem tem!

Matuto quando se muda

Não enche mêi caminhão

Mas a F4000

Mesmo assim cepa no chão

Ao sentir o peso bruto

Da bravura que o matuto

Leva no seu coração!

Timbaúba, 19/03/2011.