O homem, o mar e uma lição de vida * Autor: Damião Metamorfose.

*

Adaptação de um conto antigo, desconheço o Autor.

*

Em uma praia distante,

Num lugar pouco habitado.

Morava um jovem senhor,

Praticamente isolado.

Que aprendera muito cedo,

A entrar no mar sem medo,

Pra ir pescar seu pescado.

*

Pra mantê-lo preservado,

Pescava um peixe por dia.

Sempre no tamanho exato

Da refeição que fazia.

Nunca se desesperava,

Se demorasse esperava,

Se sobrasse, devolvia.

*

Nas horas vaga saia

Pela costa caminhando.

Lixo ou entulho que o mar

Devolvesse, ia catando,

Jogando-os longe das praias.

Crustáceos, peixes e arraias...

Encalhado, ia salvando.

*

Quem a via conversando,

Cantando ou rindo sozinho.

Pensava que ele era louco,

Chamava-o de coitadinho.

E ele em sã consciência,

Cuidava com paciência

Do mar, com muito carinho.

*

No povoado vizinho

Tinha, um grande empresário,

No ramo da pescaria,

Que ofereceu um salário

Alto, pra ele ir pescar,

Mas ele disse: que o mar

Era um sacro santuário!

*

Pra não chamá-lo de otário,

O chefão da pescaria.

Usou de toda artimanha

E astucia que ele sabia.

Para tentar convencê-lo,

Por último fez um apelo,

Testando a sabedoria.

*

Tu pega um peixe por dia?

E o rapaz respondeu: sim.

Por que não dois três ou mil?

Porque um já dá pra mim.

Por que não vende o pescado

E com o dinheiro apurado,

Fica rico igual a mim?

*

Porque eu não penso assim

E quero o mar preservado.

Nisso o empresário disse:

Você é um caso isolado.

Já pensou como vai ser,

Depois que envelhecer,

Pobre, doente e cansado?

*

Continuou afobado:

Pense mais no seu futuro!

Acha que comer um peixe

E respirar esse ar puro.

Ter uma velha jangada

E essa roupa esfarrapada,

Vai lhe render algum juro?

*

Vem comigo, é mais seguro,

Dobro o que foi ofertado.

E o rapaz interrompeu

Em um tom bem moderado.

Se quiser me convencer

Diga o que é que eu vou fazer,

Com o dinheiro acumulado?

*

Por um instante calado

O empresário ficou.

Coçou a cabeça e disse:

Só isso me perguntou?

Então se eu explicar

Você vai me acompanhar?

-Convença-me que eu vou!

*

O empresário começou

A explicar bem detalhado.

O que devia fazer

Com o dinheiro acumulado.

Se não fosse convencendo,

O rapaz ia dizendo,

Porque não tinha aceitado.

*

Comprar um barco importado,

Ele: eu prefiro a jangada.

Uma rede nova e boa,

Prefiro essa remendada.

Sapatos, camisa e terno,

Um guarda roupa moderno...

Sou mais essa esfarrapada.

*

Casa boa pra morada,

Gosto mais dessa cabana.

Mulheres, muitas mulheres...

Essa minha não me engana.

Festa noticia em jornais,

Com uísque e muito mais...

Não senhor! Só bebo cana.

*

Então você guarda a grana,

No banco e com garantia.

Gasta quando estiver velho,

Vai ser bem feliz, sabia?

E o rapaz sem aceitar

Disse: por que esperar

Se eu sou feliz todo dia?

*

Viver com sabedoria,

Não depende do dinheiro.

Eu sou feliz com um peixe,

Não quero um cardume inteiro.

A minha felicidade

Depende da liberdade

E esse mar como parceiro!

*

Pode ir meu companheiro,

Mas não esqueça o aviso.

Pode guardar seu dinheiro,

Porque dele eu não preciso.

Guardar dinheiro é bobagem,

Quem só quer levar vantagens

Amanhã tem prejuízo.

*

O homem meio indeciso,

Se foi e não entendeu.

Mas espero que você

Entenda tudo o que leu.

Felicidade é viver,

Ser livre, amar e poder

Dizer que a vida valeu!

*

Fim.

Damião Metamorfose
Enviado por Damião Metamorfose em 17/03/2011
Código do texto: T2854553
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