VIDA MULHER

Minhas amigas eu quero

Com vocês compartilhar

Um pouco da minha história

Por essas bandas de cá.

Quando eu aqui cheguei vindo das bandas de lá

Essa cidade me acolheu e eu não quis mais voltar

Eu prometi a mim mesma

As mulheres ajudar.

Aqui nessa cidade foi de um homem primeiro

Que recebi o apoio, inclusive financeiro.

Então disse pra mim mesmo

Vou mergulhar por inteiro.

O homem de que vos falo foi dom Miguel Fenelon

Pastor feio, mas de um bom coração

Tinha uma prática de trabalho

Voltada pra transformação.

Então aproveitei aquela oportunidade

Estudando e trabalhando em várias comunidades.

Aprendi ser companheira

E a amar de verdade.

Os jovens me empolgavam

Os índios me seduziam...

As crianças me animavam.

Mas as mulheres me envolviam.

Uma freira gaúcha também me entusiasmava

Animando-me sempre novas lições me dava.

Aquilo me enriquecia.

Cada vez mais me empolgava.

Crescida na ditadura, que de branda nada havia.

Falava muito de tudo que às vezes nem sabia

Do tamanho do perigo...

Que tudo aquilo continha.

Da Igreja ao sindicato, do sindicato às ruas

Enfrentei bombas de gás junto com a companheirada.

Querendo contribuir

Com uma Nação emancipada.

Tudo isso ajudou na minha compreensão.

De tudo que ocorria aqui nesse meu torrão

Mas sempre me perguntei...

Por que homem é tão machão?

Isso me inquietava, dentro de minha casa,

E sempre identificava

Coisas tortas e erradas

Alguém que devia ser companheiro, só me aporrinhava.

Apesar de consciente me sentia impotente

Queria me libertar

E me sentir como gente

E quanto mais eu lutava, mas vivia dependente.

Era difícil compreender aquela situação

Vivia apaixonada, parecia obsessão.

Não entendia os motivos

Para tanta confusão.

Um dia uma companheira puxou as minhas orelhas

Dizendo não é possível se viver dessa maneira.

Uma mulher inteligente

Se convencer com besteira.

Se vocês querem saber quem puxou a minha orelha,

Vou dizer com muito orgulho a nome dessa guerreira.

Chama-se Marizete

Essa grande companheira.

A partir daquele dia eu comecei a pensar

E disse para mim mesma preciso me respeitar.

Primeiro gostar de mim

E depois me libertar.

Daquele dia em diante procurei me aprofundar

E encontrar um jeito das mulheres ajudar.

Foi no CMCF

Que comecei a praticar.

Companheiras importantes, pude conhecer ali

Mas algumas me fizeram outro mundo enxergar

Terezinha e Belmira

Essas preciso citar.

A professora Belmira me fez ver com mais clareza

Que na política as mulheres têm que marcar presença

Mas isso não será nada

Se não tem eficiência.

A professora afirma que a mulher na política

Precisa exercitar com ética e honestidade.

E a partir do seu lar

Que as políticas femininas terão que priorizar.

Outra coisa importante que procurei incorporar

Da fala da professora se quiser longe chegar

É jamais querer ser super

E aos homens imitar.

Na luta pela igualdade até que já avançamos

No trabalho e na política até já nos destacamos,

Mas quando o assunto é salário ou chefia

Muito ainda precisamos.

Nossa cidade já tem uma estrutura mínima

Para a mulher se apoiar:

Centro de Referência, Instituto da Mulher e até Casa Abrigo

Mas as Delegacias ainda deixam a desejar.

No tocante a justiça conquistamos uma Vara,

Mas não é suficiente diante da violência.

Por isso peço as companheiras

Lutemos com veemência.

Há alguns anos atrás a saúde avançou

Com o PSF sua vida melhorou,

Mas sem continuidade

Ainda há muita dor.

As mulheres exigem um atendimento eficaz

Do Poder Municipal que tem a bola vez.

Pois é bom que todas saibam

Mamografia e citocolposcopia ambas agora é lei.

Com os Comitês de Tolerância Zero por morte de câncer

Grande passo foi dado pela preservação da vida,

Mas é preciso mulheres

Continuarmos unidas.

Não podemos esquecer a Lei Maria da Penha

Que com muita luta e garra conseguimos aprovar.

E que agora os machistas

Lutam para derrubar.

A Lei Maria da Penha tem a maior importância,

Porque defende as mulheres da violência machista.

É preciso preservá-la

Pra garantir nossas vidas.

Pra ajudar as mulheres e militar na política

Continuo minha luta num partido socialista.

E quando me apresento

Digo que sou feminista.

Hoje no PSB as mulheres participam

Tem uma Secretaria que se discute a política

É de muita importância

Pois fortalece a luta.

Precisamos combater toda discriminação

As piadas de mau gosto já viraram até jargão.

Aos forrozeiros machistas

Precisamos dizer não.

Os meios de comunicação têm sido muito perversos

Fortalecendo o preconceito, entre esses a internet.

Por isso peço a vocês

Que piadas de mulheres chegando vocês deletem.

Por isso minhas companheiras, convido vocês pra cá

Venham para o movimento que aqui é seu lugar.

Façamos uma só corrente

Unidas vamos lutar.

Outra coisa importante nessa vida de mulher

Além desse dia a dia é não se esquecer de si,

Por isso relaxe e goze

Acordada e ao dormir.

Vejam minhas companheiras que a luta é árdua e dura

Por isso a cada dia precisa se abastecer.

A irmandade Luluzinha

Com isso tem tudo a ver.

Maceió, 28 de janeiro de 2010.

Mauriza Cabral
Enviado por Mauriza Cabral em 15/03/2011
Reeditado em 16/03/2011
Código do texto: T2850675
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