POMBO-CORREIO
É natural que a mulher O que foi que aconteceu?
Espere o marido voltar Algo mui desagradável?
De sua lida, do afazer Um caçador apareceu
Após muito trabalhar Com sua arma detestável?
Raramente o contrário Cansada de esperar
A não ser lá na cidade Os dias passa chorando
Pois ela não tem horário Só sabe se lamentar
Pra vencer necessidade Emagrecendo, definhando
Já se foi aquele tempo
Ir de compras com amigas Homem bicho, bicho homem
Sua lida é pro sustento Tem o mesmo proceder
Pra pagar contas devidas Não respeitam onde comem
Chega sempre depois dele Nem respeitam sua mulher
O jantar vai preparar
Enquanto ele toma goles Pois só no fim de um mês
De futebol tagarelar Pombinho regressa ao lar
Ela cuida da criança Satisfeito do que fez
E das roupas de vestir Feliz a cantarolar
Ele só enchendo a pança
Logo deitar e dormir Meu querido onde esteve?
Lhe pergunta a pombinha
Isso não é privilégio Conte-me tudo, nada negue
De nossa gente humana Acalme a alMA MINHA
Não digo um sacrilégio Por que demoraste tanto
Bicho também tem a fama Eu já estava desesperada
E só vivia em pranto
Contaram que um pombinho Que descaso com tua amada!
Com arrulhos afetuosos
Despede-se do amorzinho Ora, ora, minha querida
Com os olhinhos chorosos Apanhei um sol radiante
Pois é um pombo-correio Tudo em volta era vida
Deve partir pra execução Com seu calor escaldante
Com coragem, sem receio Abençoei meu ofício
A sua importante missão Que é lindo como o quê
Parte.Voa e sobe em riste Decidi fazer exercício
Desaparece no horizonte Que resolvi voltar a pé!
Esposa fica muito triste
Chorando o esposo ausente
Passaram-se oito dias
E nada de regressar
Aquele pombinho amado
Melhor que faço é rezar
A fêmea bastante inquieta
Maus pensamentos na alma
A jejuar faz dieta
Já está perdendo a calma