O SAPO E A ROSA
Era uma vez uma rosa,
Brilhantíssima, formosa,
A mais linda do jardim.
Por isso se envaidecia,
Muito contente, dizia:
"Todo mundo olha pra mim"
Começando a perceber
Que quem ia ali lhe ver
Ficava sempre distante,
Indaga a si, pensativa:
"O que será que motiva
O medo do visitante?"
Deu-se conta certo dia:
Era sua companhia
Que amedrontava a visita.
O sapo grande ao seu lado
Deixava o povo assustado.
Chegar perto a turma evita.
Ela nem alonga o papo.
Chateada, diz pro sapo:
"Tu terás que ir embora."
O anfíbio entristecido,
Humilde, acata o pedido:
"Se tu queres, dou o fora!"
Há tempos sem ver a flor,
O bichinho saltador,
Passando pelo local,
Vê murcha a pobre coitada,
Sem folhas, despetalada,
Sem o brilho habitual.
"O que aconteceu aqui?
Estou com pena de ti.
Por que estás assim, amiga?"
"Desde que daqui saíste,
A vida tem sido triste.
São ataques de formiga!"
"Aqui tem um formigueiro,
Foi-se a cor, a luz, o cheiro,
Não sou mais apreciada.
É tudo desolação,
Não chamo mais atenção.
A vida está complicada!"
Fala o sapo, seu amigo:
"Quando eu vivia contigo,
Devorava todas elas.
Tu não foste molestada,
Por isso eras destacada:
A mais bela dentre as belas!"
Eis uma grande lição
Na presente narração:
Ninguém é superior!
Seja assombroso ou bonito
Está nessa história dito:
Cada qual tem seu valor!