VAQUEIRO SERAFIM
O Vaqueiro Serafim.
Guel Brasil.
O vaqueiro Serafim
Nasceu sem eira, nem beira,
A comida era escassa,
Sua cama era uma esteira,
Feita com palha do coco,
E com varal de piteira.
Cresceu na lida do gado,
Destino de ser vaqueiro,
Desde menino na lida
Sempre chegava primeiro,
Da fazenda Mulungu,
Era o melhor retireiro.
Antes de cantar o galo,
Serafim se levantava
Da apartação dos bezerros
Era ele quem cuidava,
Sessenta litros de leite,
Num instante ele tirava.
Quando o patrão se acordava,
Tudo já estava arrumado,
Vacas de leite no pasto,
Boi de corte separado
Até os baldes de leite,
No carreirão encostado.
Foi assim que Serafim,
Nasceu, cresceu, e viveu,
Com fama de bom vaqueiro
Todo sertão conheceu,
Andava todo encourado
Pois era o destino seu.
Na fazenda Olhos D'água
Teve um pouso de boiada,
Dois mil e duzentos bois,
Dez vaqueiros na pousada
Mas na contagem do gado,
Ficou boi na invernada.
Ai chamaram Serafim,
Conhecedor do sertão
Serafim amofinou-se,
E veio a rogo do patrão,
Trouxe mais dois companheiros
Tião Carreiro e Vadão.
Os três estavam encourados,
Pra buscar boi na invernada,
Quebrando galho na testa
Pegando boi de arribada,
Serafim ia na frente
Sem se preocupar com nada.
Serafim não teve sorte,
Seu cavalo corcoveou,
Foi por cima do espinheiro
E seu corpo arrastou,
E uma lasca de pau-d’alho
Em seu pescoço cravou.
Seus companheiros chegaram
Não tinha mais salvação,
Somente ele dizia,
Me enterre no grotão,
Vou vestido de vaqueiro,
Chapéu de couro e gibão.
...................................Ou vida de gado.