O QUE SE VÊ PELO MUNDO!
Autor: Zé Saldanha
Vê-se um canário cantando
Trancado numa gaiola,
Um cego que nada vê
Tocando numa viola,
Um cabra bom de saúde
Chorando e pedindo esmola.
Vê-se uma mulher velha
Feia que só um tormento,
Mais casou e tem marido
Mora no seu aposento,
Vê-se uma nova e bonita
Sobrando sem casamento.
Vê-se um rico demais
Querer que a riqueza dobre,
Vê-se encostado a ele
Uma centena de pobre,
Trabalha, força e não tem
Meia pataca de cobre.
Vê-se um gozando todas
As belezas da Nação,
Quando sai a viajar
É de carro ou de avião!
Outro com um fardo pesado
Com as patas pelo chão.
Vê-se uma mulher bonita
Esposa de um fragelado,
E uma feia demais
Esposa de um potentado.
Um rico, somítico e chorão,
Um pobre franco e animado!
Vê-se um chorar sem dor
Outro tem dor e não chora,
Um bom andando escorado
Um aleijado sem escora,
Vê-se um vexado demais,
Outro é pai da demora.
Vê-se um que nada pensa
Outro que tudo lhe inspira,
Um querido do povo
Outro que o povo conspira,
Um tolo vê outro tolo
Tão tolo que o admira!
Vê-se um crescer sem forçar
E outro força e não cresce,
Vê-se um gozando tanto,
Vê-se tantos que padecem,
Um sábio vê outro sábio
Tão sábio que desconhece!
AUTOR: José Saldanha M. Sobrinho ( Zé Saldanha) – aos 93 anos é atualmente o Cordelista mais velho do Rio Grande do Norte em Plena Atividade.
ENDEREÇO: Recanto do Poeta ( zesaldanha@hotmail.com )
Rua Irineu Jóffili, 3610-Candelária -Natal(RN) - Brasil
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