Dizintiria dento do ôinbus

(Naquele tempo os ônibus da Itapemirim que rodava entre Brasília e Goiania Go , não tinha banheiro dentro)

Airam Ribeiro

Alembrei duma façanha

Cunticida anos atráis

Nun digo qui foi artimanha

Foi no estado de Goiás

Qui o cauzo cunticeu

Lá num ôinbus estava eu

Bem sentadim lá distráis.

Mais iantes deu muntá

No ôinbus qui buzinava

Eu dizejei de comprá

Uma coxinha qui eu oiava

Peguei e saí correno

Dento do ôinbus fui comeno

E alí memo saboriava.

Passano já um tempão

Já uns quilomitro rodado

Eu notei um furacão

Qui fiquei arripiado

A barriga danô frevê

Na hora cumeçô duê

Qui fiqui todo suado.

Fui correno lá pra frente

E cum o xofé eu falei

Minha barriga ta duente

Pur favô aperte o frei

Pare in frente uma moita

Qui a dô ta muitio afoita

Eu já tô ficano vremêi!

-Seu moço pode sentá

A parada é mais na frente

Em Luziania vô pará

Pra descê muitia gente

Lá ocê vai no banhêro

Faiz as cagança ligêro

Pra nóis siguí adiente.

Dei um grito não sinhô

Isso num vô guentá!

Aqui memo no corredô

È que eu vô discarregá

A dizinteria num ispéra

Essa dô ninguém tulera

Cê vai vê no qui vai dar.

Tô cum dizinteria irmão

Deficiente eu num sô!

Cum as mão froxo o currião

Logo as carça escurregô

Quando ele viu que eu ia cagá

E a catinga ia pro ar

Deu uma brecada e parô.

Logo saí correno

Pra primeira moita qui ví

Todos no ôinbus tava veno

Num liguei e as carça dicí

Os qui passava surria

Outros fazia anarquia

Em vê aquele inxurrí.

Despois de terminado

Cum os mato eu limpei

Do papé num tinha lembrado

Mermo ancim eu num liguei

Já dento do ôinbus enfim

Todos tava rino pra mim

O importante é que eu sarei.

Quem sai pelo mundo a viajá

Num deve de tô vregonha não

As malandrage vai incrontá

Pur aí afora no mundão

E num deve cumê sargadinho

Pur essas bêra de caminho

Qui os ôinbus faiz as paração.

No ônbus da itapemirim

Entre Brasília e Goiáis

Acunteceu este cauzo sim

Quando eu fui vê meus pais

Mais já passô uns tempão

Qui fiz essa aventuração

Há muitios anos atráis.

Airam Ribeiro
Enviado por Airam Ribeiro em 25/02/2011
Reeditado em 25/02/2011
Código do texto: T2813725
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