XANANA, A FLOR DE NATAL
No ano dois mil e dois
Deu-se a Lei que nos ufana
Instituindo em Natal
A flor símbolo, xanana,
Em função da resistência
Que para o povo ela emana.
Foi defendida com gana
Por Diógenes Cunha Lima
Ao revelar no discurso
Que ela superava o clima
E no poema canteiro
Era prosa, verso e rima.
Visto que vegeta em cima
Do baldio, com certeza,
Não requer maior cuidado
E vive da natureza
Dando exemplo aos cidadãos,
Através da singeleza.
Dona de suave beleza
Pálida, chamou-se albina,
Só por ser esbranquiçada
Fez-se branca flor menina
E, sinuosa nas formas,
Mostrou-se mais feminina.
A ciência nos ensina:
Seu nome latinizado
É Turnera ulmifolia,
Um tanto sofisticado,
Mas o poeta prefere
Xanana tê-la chamado.
Pra que fosse registrado
Seu simbolismo em Natal,
O poeta precisou
De apoio fundamental
E com Franklin Capistrano
Foi torná-lo oficial.
Câmara Municipal
Foi o fórum mais correto
Pra fazer indicação
Da xanana em um projeto
Que Franklin apresentou
Pondo poesia em concreto.
Cumprido todo trajeto
De norma e burocracia
Natal ganhou mais um símbolo,
No formato em flor baldia,
Mostrando a toda cidade
O poder que a flor podia.
Na margem de qualquer via
Pode-se enfim denotar
O verdejar da xanana
Com seu poder de brotar
Sem depender de cuidados
Quando viesse aflorar.
Mesmo havendo desmandar,
Por parte de autoridades,
A xanana é forte exemplo
Pelas suas qualidades,
Que a permitem resistir
Diante de adversidades.
Longe das iniqüidades,
Que afligem sem compaixão,
Xanana, mesmo rasteira,
Não deve ao caramanchão,
Mostra o seu valor vivente,
Por nascer em qualquer chão.
Para nós, ela é lição
A ser seguida na vida,
É um luar pro sertão
Na noite mais ressequida,
É um vergel em tapete
Numa sarjeta esquecida.
É nossa planta querida
Por quem devemos ter zelo,
É uma linha cuidada
Ao derredor do novelo,
É um amor bem nutrido
Regado a novo desvelo.
Não sendo versada em pelo,
Nem produtora de fruta,
Tem seu valor, assim mesmo,
Como tem a ganga bruta,
Pois mostra, na resistência,
Capacidade de luta.
Planta simples, nem desfruta
De um só lugar no jardim,
Mas enche mil logradouros
Sem ter nem cor de carmim,
Já que pela natureza
Tornou-se formosa assim.
Eu sinto dentro de mim
Uma coisa extasiante
Quando percebo a xanana
Com seu soar farfalhante,
Sendo abanada ao vento,
Em pleno Sol causticante.
Meu pensamento instigante
Destina a xanana à glória
Por se mostrar animada,
Ao longo de toda história,
Usando a simplicidade,
Sem ser, contudo, simplória.
Demonstra que, mesmo escória,
Pode ter algum valor,
Guarda no cerne do ser
O fazer sem ter favor
E no recôndito eleito
Um cabedal feito amor.
Sem ser fulgurante flor
Sendo apenas flor singela
Mostra a beleza da vida
Na simplicidade dela
Só comparada à meiguice
Que torna a mulher mais bela.
Permeada na aquarela
Das mais variadas cores
A xanana representa
O mais simples dos amores
Que supera intempéries
Nas rotas dos dissabores.
Sem fidalguia em odores,
Seu cheiro discreto inscreve,
Demonstra que pra existir
Ela simplesmente deve
Deixar seu pólen liberto
Para que o vento lhe leve.
Não tendo uma vida breve
Difere de muito erval
Sem que precise de adubo
Pode ser ornamental
Para enfeitar dia a dia
Sua cidade natal.
Nessa meta principal
Júlia Arruda já anuncia
Que graças a um seu projeto
Aprovou com primazia
Que se plantasse a xanana
Em cada praça que havia.
Para encerrar com alegria
E provocar que se pense
Quero estender tudo dito
Pra muito além do non sense
Candidatando a xanana
À cidadã natalense.