MINHAS MORNAS TARDES DE OUTONO

Recordo com imensa saudade

As mornas tardes de outono

Deleite em minha tenra idade

No seu ocaso ao final do dia

O astro rei abdicando do seu trono

Cedendo espaço para o luar

Que espalhava encantos e magia

Eliminando os mitos da noite

Cadenciando paz e harmonia

Os estratos bem longe ao leu

Coloridos por resíduos do arrebol

Desenhando na franja azul céu

Rabiscos de rastros do sol

A terra em êxtase profundo

Predominando o silencio e a calmaria

Tomando as entranhas do mundo

Até o vento se redimia

Leve suave carregada de perfumes

Vinha a brisa trazendo o sereno

Escoltada por milhares de vaga lumes

Neste cenário de rara beleza

Eu era expecrador feliz, mas não sabia

Agora através da mãe natureza

Refugio navego e divago em nostalgia

Tenho imagens engavetadas na mente

Um retrato falado que historia guardou

De um passado distante e comovente

Que em Minhalma saudades gravou

Revivos momentos que jamais vão morrer

Sentado num cocho no meio do curral

Espiando as estrelas cintilando distantes

Enquanto as nuvens se punham a correr

Salpicando de sombras o verde laranjal

Afugentando o mito da escuridão

O luar de magia espalhava candura

Dançando sua valsa no cume dos montes

A paisagem transbordava entornando ternura

Inspirando poesia ao meu coração

No silencio da noite tudo parado

As rãs coaxando no longínquo alagado

A bulha das vacas nas canas de milho

Ruminando distante alem do banhado

Meu pensamento em campos desertos

Por trilhas incertas de meus futuros caminhos

Sonhando acordado em estado de alerta

Em transe me tornei uma ave sem ninho

No meio da noite a deriva numa rota incerta!

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 10/02/2011
Reeditado em 13/02/2011
Código do texto: T2783415
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.