MINHAS MORNAS TARDES DE OUTONO
Recordo com imensa saudade
As mornas tardes de outono
Deleite em minha tenra idade
No seu ocaso ao final do dia
O astro rei abdicando do seu trono
Cedendo espaço para o luar
Que espalhava encantos e magia
Eliminando os mitos da noite
Cadenciando paz e harmonia
Os estratos bem longe ao leu
Coloridos por resíduos do arrebol
Desenhando na franja azul céu
Rabiscos de rastros do sol
A terra em êxtase profundo
Predominando o silencio e a calmaria
Tomando as entranhas do mundo
Até o vento se redimia
Leve suave carregada de perfumes
Vinha a brisa trazendo o sereno
Escoltada por milhares de vaga lumes
Neste cenário de rara beleza
Eu era expecrador feliz, mas não sabia
Agora através da mãe natureza
Refugio navego e divago em nostalgia
Tenho imagens engavetadas na mente
Um retrato falado que historia guardou
De um passado distante e comovente
Que em Minhalma saudades gravou
Revivos momentos que jamais vão morrer
Sentado num cocho no meio do curral
Espiando as estrelas cintilando distantes
Enquanto as nuvens se punham a correr
Salpicando de sombras o verde laranjal
Afugentando o mito da escuridão
O luar de magia espalhava candura
Dançando sua valsa no cume dos montes
A paisagem transbordava entornando ternura
Inspirando poesia ao meu coração
No silencio da noite tudo parado
As rãs coaxando no longínquo alagado
A bulha das vacas nas canas de milho
Ruminando distante alem do banhado
Meu pensamento em campos desertos
Por trilhas incertas de meus futuros caminhos
Sonhando acordado em estado de alerta
Em transe me tornei uma ave sem ninho
No meio da noite a deriva numa rota incerta!