LETRAS 2002 (EM CORDEL)
LETRAS 2002
Mais uma vez eu escrevo
Não dá pra deixar pra depois
Pois meu curso tá pra acabar
Acaba em um ano ou dois
Mas antes eu quero falar
Da minha turma na UFPA
Que é: LETRAS – 2002
Eis que agora me apresento
Pra quem este livro ler
Sou pessoa de boa índole
É verdade, pode crer
E se quiserem confirmar
Em qualquer loja vão dizer
No Paraíba ou Leolar
Que por lá eu compro e pago
E ainda dou haver
Johás Johnathan é meu nome
Sou um cara extrovertido
Falo Inglês e Espanhol
Pensam até que sou metido
Pois canto, toco e sou poeta
E compondo sei rimar
Pensem o que quiser
Mas adoro me expressar
Não vou falar de todo mundo
Pois com alguns não convivi
Mas eu com várias pessoas
Boa amizade desenvolvi
A quem eu não mencionar
Perdoe-me, por favor,
Não é que eu não vos estime
Pois por todos tenho amor
No desenvolver desta história
Alguns fatos vou contar
Vou falar dos meus amigos
E das coisas que vi passar
Começo aqui com a Perla
Pense numa menina esticada
Sempre esbanjando muito charme
Mas é gaiata, e conta piada
Compra na sala qualquer briga
Ela nunca fica calada
A mulata afro-porreta
De tudo grande é que ela gosta
Não pensem que é sacanagem
É brincalhona, mas é composta
Essa Adliz é exagerada
Pra molecagem é sempre disposta
Thiago, o presidente da turma
Respira Literatura, mas é meio doidão
Com ele não tem frescura
Quem pensa isso, não tem visão...
Já dá aula em várias escolas
E é bastante requisitado
Dá aula até em cursinho
O cara é muito preparado
Carlos Borges Jr. Esse é o Cara
De Carlos queria ser chamado
Mas o nome não pegou
Borges também não colou
E com Júnior não é conformado
É trabalhador pra valer
Faz toda e qualquer leitura
Pois na vida quer vencer
É um cara estudioso
Parece movido à pilha
Nunca fica ocioso
Trabalha em Itupiranga
Dá aula em qualquer lugar
Às vezes fica estafado
Mas já não dá pra parar
Pois nosso curso está no final
Todos querem se formar
Dizem que um bom emprego
É a sua pretensão
E estudando pra valer
Nunca pensa em diversão
Pois pra tudo tem um preço
E ele diz “eu mereço
Subir na vida, igual avião”
O Galdino é figura rara
Jéferson como é chamado
Ta quase pra ficar doido
Quer deixar de ser brefado
Teve um fato interessante
Você vai achar também
Fui à UFPA num sábado
Vejam vocês se convém:
Vi o Galdino na sala
Todo empolgado na fala
Dava aula como um pirado
Pras paredes e mais ninguém
Ele assim se preparava
E já estava com boa base
Fez um concurso pesado
Foi o segundo colocado
E passou pra última fase
A prova final seria em Manaus
Estudou mais e se preparou
De Belém rumaria de avião
Mas o vôo de lá atrasou
O Galdino ficou PUTO
Pensando no quanto estudou
E por causa do tal vôo
Seu sonho desmoronou
Mas tem males que vêm pra bem
Ele agora pode enricar
Já deu entrada na papelada
A empresa vai processar
O caso já está rolando
O jeito agora é esperar
O positivo em tudo isso
Embora o esforço frustrado
É que de tanto perder o sono
Estudando em ritmo pirado
O bicho que era roliço
Tá fino feito caniço
Nem malhou e tá sarado
A Ione é uma menina
Assim, um pouco diferente
Só chega de cara fechada
Quase não fala com a gente
E pra apresentar seminário
Não chega a ser eloqüente
Mas se está com o seu grupo
Ela é mais atiçada
Quem não conhece não diz
Que essa menina calada
Solta a franga e manda ver
E até conta piada
A Jamira é cheia de pose
Até parece empresária
Anda sempre elegante
Tem jeito de milionária
E embora ela não seja
Não vai parar de tentar
Pois quem trabalha, Deus ajuda
Um dia ela chega lá
A Gildete, é uma gatinha
Muito meiga e delicada
Tem vezes que até confundo
Penso que é uma fada
Fazemos juntos os trabalhos
Estou sempre na casa dela
Os pais dela me adoram
É verdade, não é balela
Tem na turma uma menina
Muito simpática e legal
Apresenta bem seminários
Nem sua e nem passa mal
É uma coisinha preciosa
Tão lindinha, um pitel
A menina é charmosa
O nome dela é Isabel
Graciosa e bacana também
É a minha amiga Val
Quem quiser ajuda nos estudos
Essa gata é o canal
Ô menina estudiosa
Juro, nunca vi igual!
Num evento literário
O palco era o tapirí
As plantas tiravam a visão
Alguém disse então “corta aqui!”
Isso gerou discussão
A confusão foi de abafar
O seu Décio da cantina
Zangado até quis brigar
O evento foi nota dez
Teve de tudo um pouco
Teatro com beijo na boca
Foi mesmo coisa de louco
Um professor chamado Evandro
Defensor da planta arruinada
Escreveu nota criticando
E deixou a turma zangada
Teve réplica e até tréplica
Na base do texto e da rima
Uma hora ele tava por baixo
Outra hora tava por cima
Não teve mortos nem feridos
E todos enfim se salvaram
As plantas até já cresceram
E mais bonitas ficaram
O Álisson era muito doido
Queria agarrar todas as minas
Mas suas cantadas sem nexo
Pareciam versos sem rimas
Para apresentar seminários
Ele até que muito estudava
Mas na hora de apresentar
O cara só gaguejava
Vivia sempre com um livro
Com comportamento anormal
Tudo mundo achava estranho
Mas pra ele isso era ganho
Queria ser intelectual
Outro fato interessante
Que muito me impressionou
É que na sinuca do tapirí
O Robson foi quem mais jogou
Mas em toda disciplina
O cara se dava bem
Quase nunca reprovou
O Edilson é chefe na Vale
E vive sempre trabalhando
Pensem num cara que falta
Mas o curso vai levando
Rumei uma vez pra São Luiz
No trem da Vale viajei
Visitei muitos lugares
E muitas fotos tirei
Mas quando cheguei de volta
Qual não foi minha surpresa
Esqueci da minha câmara
No trem da dita empresa
Mas de fato me impressionei
Quando ao Edilson recorri
Disse a ele o que aconteceu
Falei da câmera que perdi
Com algumas ligações
Do meu amigo chefe e gerente
Recuperei a minha câmera
Dessa vez foi diferente
Até mesmo uns trocados
Na capa da câmera guardados
Ninguém mexeu
E foram recuperados
Num congresso regional
Evento chamado EREL
Realizado em São Luiz
Todo mundo ficou feliz
Foi coisa boa feito mel
Mas no auge da alegria
Diversão com boa dança
O povo todo no salão
Era uma baita festança
Porém com o som muito alto
A estrutura não resistiu
Com ondas sonoras tão fortes
O teto não agüentou e ruiu
Caiu um pedaço da laje
E um alvoroço se formou
Mais parecia com um tiro
Muita gente machucou
Tinha gente ensangüentada
Com braço e cabeça quebrada
Os bombeiros alguém chamou
Felizmente ninguém morreu
E o evento continuou
Mas naquela noite, porém
Com o acontecido tudo parou
Enfim passado o susto
O resto foi só alegria
A turma até fez turismo
Era festa noite e dia
De volta e bem empolgados
Pensando em nossa formatura
Fizemos vários pedágios
Sem dinheiro, a turma tava dura
Mas era muito divertido
Parando carros com faixas
Naquele sol escaldante
Todo mundo bem vestido
Voltando a falar do povo
Agora quero mencionar
O meu amigo André
Um cara muito singular
Já é quase um enfermeiro
Lida com gente o dia inteiro
No SESP, vejo sempre ele lá
Ele adora jogar sinuca
E é até bom oponente
O cara dá umas cagadas
E às vezes ganha da gente
Mas se é pra pagar a ficha
É ligeiro igual lagartixa
Ele some de repente
O Charles é lá de Belém
Nas escolas já leciona
Nem esperou se formar
Pois sua garra o impulsiona
Estuda sempre pra concurso
Da vida quer mudar o rumo
Seja na marra ou a pulso
A Joelma é muito gaiata
Em qualquer lance ela tá lá
Ela é atriz e dançarina
Não é garota de arredar
Num ato teatral no tapirí
Com o Thiago se apregou
O beijo quente demorou
Mas não foi preciso intervir
Mas era tudo profissional
Ninguém deve pensar mal
Aconteceu um fato triste
Que toda a turma sofreu
O querido amigo Moisés
Numa emboscada morreu
Era soldado da Polícia Militar
Mas falando ninguém nem pensa
Que ele era muito calmo,
Vocês podem acreditar
O que aconteceu foi fatalidade
É tão difícil de acreditar
Pois coisa assim é muito rara
Especialmente pra um militar
Estudar mesmo usando a farda
E passar no vestibular
Pra todo mundo foi surpresa
O triste fato acontecido
E o povo na faculdade
Ficou mesmo estarrecido
Todos da turma sabem
Que ele era muito estudioso
Fazia as leituras de madrugada
E nunca ficava ocioso
Esse triste fato não me sai da cabeça
Tento esquecer e torço
Pra que isso jamais aconteça
Com o professor Marcelo
Que ministrava Psicologia
Fizemos um trabalho que focava
Como o comportamento humano agia
Então sem que ele soubesse
Combinamos uma situação forjar
Encenamos uma briga no seminário
E começamos a brigar
O professor se assustou
Ligeiro da sala vazou
E foi difícil lhe acalmar
Depois de tudo explicado
Tudo ficou diferente
O professor impressionado
Até nos deu excelente
Pois estava satisfeito
Em ter ensinado direito
E ficou muito contente
O Robson Caetano fez
Um concurso de literatura
Escreveu um texto bacana
Ganhou com boa largura
Passou em primeiro lugar
Pro Rio de Janeiro ia rumar
De avião, que belezura
Desde então ele se empolgou
Não parou mais de estudar
Já fez vários concursos
Em muitos conseguiu passar
Ele também fala Inglês
Em Alemão conta até três
E em Francês diz Bom Soir
A Lucelite e a Márcia
São de fato boas amigas
Elas sempre estudam juntas
Entre elas não há brigas
Já fizemos trabalhos juntos
E foi muito bom pra mim
Pois elas são estudiosas
E na pausa entre prosas
Sempre me servem pudim
O Adilson é um bom amigo
No DMTU virou chefão
Vive ajudando os amigos
Se no trânsito tem confusão
E nas ruas de Marabá
É Agente e não General
Nunca foi imparcial
E está pronto a ajudar
A Nara passou pela turma
Mas só veio pagar matérias
Já participou de congressos
Mas ela gosta mesmo é de férias
Quando o assunto é beleza
A Luciana é um avião
A garota é charmosa
Sempre chama a atenção
O pai dela é chefe no INCRA
E ela já trabalhou lá
Mas terminado o curso de Letras
Sua sina e lecionar
Na casa do Antônio Luiz
Uma festinha aconteceu
Naquele dia, pode crer
Até quem não bebia, bebeu
Foram várias dessas pessoas
Gente de referências boas
Pessoas assim como eu
Foi naquele dia marcante
Que eu saí de fininho
Convidei a Luciana
Pra entrarmos no bequinho
E naquele dia então
Foi o começo do estopim
Pois eu era louco por ela
E ela gostava de mim
Mas o romance não prosseguiu
Pois como eu era casado
O bequinho deu confusão
E hoje estou separado
Mas tem males que vem pra bem
Pois eu conheci outro alguém
E já estou amancebado
A menina é uma pintura
Coisa linda de viver
Minha vida agora é outra
Sou suspeito pra dizer
Quem me viu, e vê agora
Notam que a mina é da hora
E que estou feliz pra valer
Ela também é de Letras
Da turma de 2006
Quando eu a conheci
Não deixei passar a vez
Fui logo me apresentando
Do curso de letras falando
Deixei de lado a timidez
Agora posso dizer
Que encontrei minha metade
Em tudo nos afinamos
E muito mais na intimidade
Fiz até uma tatuagem
Fiz no peito, é verdade
Com letras em japonês
Que quer dizer: FELICIDADE
A Heide mudou minha vida
Trouxe pra mim emoção
Me acendeu de novo a chama
E conquistou meu coração
Agora pra terminar
Menciono mais uma vez
Que muito bom foi conviver
Com essa turma de altivez
Cada pessoa marcante
Que espero mais adiante
Encontrá-los outra vez
Nessa nossa convivência
Muita coisa aconteceu
Tive muita experiência
E estou certo que valeu
O curso de Letras é ótimo
E bastante elogiado
E estudar nesse curso
É trilhar um percurso
Pra ficar bem preparado
Johás Johnathan 08/06/2005