De Cordelista Para Trovadora
No momento, minha mana
eu virei um repentista:
tô contando a minha vida
mesmo sem ser colunista
e não ser nem afamado
em jornal ou em revista.
Eu não sei se é compromisso,
se é esta dor que aperta o peito,
ou se eu que sou que poeta
por falar, pois, deste jeito
eu espero, juro, mana
que o porvir seja perfeito.
É que eu fico imaginando
igualmente uma criança,
porque vejo o meu passado,
coisas boas na lembrança,
então, vou fantasiando
tudo que manda a Esperança.
Já não sei se choro ou rio,
se me escondo ou fico mudo,
ou se saio comentando
sobre o belo ou sobre o “tudo”
ou se morro nesta dor
que me afaga com veludo.
Mentirosa, dor insana!...
Quando, vejo-me no espelho
minha face tão tristonha
e meu olho tão vermelho,
meu espírito dizendo:
Tá assim, pois é pentelho!
Eu não tenho um argumento
quando a lágrima pungente
cai de meu olho tristonho
escondida e simplesmente
faz doer toda minha alma,
na amargura mais silente.
É que o espelho nunca mente,
mostra o tempo tão real
e eu me vejo descontente,
consciente deste mal
e não dá para fingir
uma alegria eterial.
Têm uns dias que meu pranto,
dolorido e bem guardado,
ele fica no meu peito,
mas eu sou dissimulado,
pois sorrio a todo mundo
mesmo estando lacerado.
Já têm dias que este pranto
é voraz até demais,
pois flagela minha mente,
a minha alma perde a paz
e soluça pelos cantos
não revelando jamais.
É que eu vi gente insensível
desdenhando o triste pranto,
sabe àquela hora de dor
que se procura acalanto?
“Nesta hora eu fiz só drama”
mas, porem sofria tanto.
Hoje eu te pego pra Cristo
como um dia me pegaste
pra dizer que magoado
estou eu, poeta traste,
um ninguém, inútil, lixo
que só tem versos por haste.
Muito tenho te falado
desta minha mente insana
versejando improvisado,
pode parecer bacana,
mas dói tanto aqui no peito
no momento, minha mana.