A minha mãe me ensinou* Autor: Damião Metamorfose.

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Adaptação de um e-mail enviado por minha amiga Tessa Bastos.

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A minha mãe me ensinou,

Valorizar meu (sorriso.)

Dizendo: eu quebro os seus dentes,

Se acaso for preciso.

Graças aos seus modos toscos

Preservei até o siso.

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Ter (retidão) e juízo

Ela falou quase nada.

Só disse: “você se ajeita

Nem que seja na pancada”.

Achei melhor tomar jeito

Do que levar bordoada.

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Com medo da mão pesada

Aprendi (motivação)

‘Se continuar chorando

Eu vou te dar uma razão

Verdadeira pra chorar”

Sou besta pra dizer, não?

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Pra evitar (contradição)

Ela foi bem maternal.

Disse: “fecha a boca e come”

Senão você se dar mal.

(Lógica e hierarquia) foi:

“Eu mando! e ponto final”.

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E sobre o (reino animal)

Foi sem, porém nem por que.

Só disse: “coma as verduras

Que é pra você “crescê”

Senão as suas lombrigas,

É quem vão comer você”.

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Custou pra eu entender,

O que era (antecipação)

Mas ela foi carinhosa

E falou com mansidão.

“Espera até o seu pai

Chegar ouviu cabeção?”

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E sobre (religião)

Foi suave igual à brisa.

Só disse: “é melhor rezar

Pra não levar uma pisa.

Se sair essa mancha

Que tem na sua camisa”.

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Ela aprendeu com a “bisa”,

A desatar qualquer nó.

Pra ter (paciência) era:

“Calma! Que tu vai ver só

Quando chegarmos em casa

Nem Deus de ti vai ter dó”.

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E o beijo do (esquimó)

Esse beijo eu nunca quis.

Era “se tu duvidar

De novo seu infeliz.

Eu te esfrego na parede

Até sangrar o nariz”.

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Pra me ver mais feliz

A minha mamãe querida.

Sempre me ensinou a ter

(Determinação) na vida.

Dizendo: não dê um pio

E coma toda a comida!

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Quando estava aborrecida,

Não ria nem com piada.

Para eu ser (objetivo)

Estando calma ou zangada.

Só dizia: hoje eu te ajeito

E é de uma só pancada.

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Por não gostar de zoada,

Ensinou-me a (escutar)

Se o rádio estivesse em alto

Volume, a tagarelar.

Dizia: ou você desliga

Ou vou ai só quebrar!

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Mãe me ensinou a contar

E a nobre frase em questão.

“Eu vou contar até dez

E até lá se você não

Contar o que você fez...

Tu vai levar um surrão”

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Para fazer a lição

Mãe era mais delicada.

Dizia: se eu for ai

E não tiver terminada

Essa lição, eu te pego

E te encho de pancada!

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Mamãe não era malvada,

Era boa e protetora.

E a frase pra me ensinar

Ter coordenação motora.

“Arrume tudo, um por um

Ou te quebro de “vassôra”.

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A minha progenitora,

Ensinou-me a enfrentar

Os desafios da vida

E para não fraquejar

Dizia: olhe pra mim

Responda o que eu perguntar!

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E para raciocinar

Com lógica e sem caturra.

Dizia: desce da arvore

Pare esse empurra empurra.

Porque se tu cair vivo,

Eu te mato de uma surra!

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Minha mãe não era turra,

Eu é que era traquino.

Para me ensinar genética

Ela só disse: menino

Tu tá igual ao seu pai

Safado, ruim e malino!

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Se eu moldei meu destino

E sou um homem hoje em dia.

Dou graças a minha mãe

E a sua sabedoria.

Ela sabia de tudo,

Eu é que nada sabia.

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Sem ela eu não existia

E se existisse era torto.

Devo tudo o que aprendi

A ela, que foi meu porto.

Mesmo depois que se foi

Ainda me dá conforto.

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Por não querer me ver morto,

Teve um parto complicado.

Pois tinha mais de quarenta

Podia ter abortado.

Mas ela enfrentou a morte

Pra ter seu filho gerado.

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Por isso eu digo: Obrigado

Por me ensinar a falar,

A sorrir, a ser retido,

Ter paciência e escutar.

E a fazer a lição,

Ter lógica e raciocinar...

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Minha mãe foi exemplar,

A melhor mãe nem duvido.

Se não fossem os corretivos,

Talvez eu fosse um bandido.

Como ela não deu moleza,

Sou respeitado e querido.

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Hoje eu canto agradecido,

As pancadas que ela deu.

Pois foi levando pancadas,

Que o seu filho aprendeu.

Que se não fosse você

Hoje eu não seria eu.

*

D-eus sabe o que ela sofreu,

A-té chegar o seu dia

M-as o seu filho agradece,

I-mprovisando em poesia.

A-ela eu devo tudo

O-que, sem ela eu seria?

*

Fim

Damião Metamorfose
Enviado por Damião Metamorfose em 27/01/2011
Reeditado em 21/04/2012
Código do texto: T2756144
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