ARRECORDADNDO ROSINHA!

Iscute essa istóra

que agora eu vô contá

nem gosto de arrescordá

poi me trai muito sofrê

sô obrigado a dizê

qui inda hoje tô sozin

sem amô e sem carin

to viveno pro vivê

Eu naci na gricutura

prantano mi e fejão

inda prantei argudão

perdi tudo prum bicudo

um bizorin miudo

que fazia um istragão

mas a istora é essa não

agora vou contá tudo

Conde eu era rapaizin

conheci rosa maria

passava pru eu e ria

eu ficava incabulado

cum minha inchada de lado

eu tirava meu chapé

olhava pra ela inté

sumí no fim do roçado

Um dia criei corage

fui na casa da rosinha

bati parma bem baxinha

o pai dela quem saiu

dixe: "boa noite seu biu!"

boa noite arrespondi

e le dixe: seu Luiz

quero sua permição

pra namorá a rosinha

cum mais pura intenção

Ele foi chamô rosinha

ela vei toda contente

sentosse na minha frente

num tamburete qui tinha

eu le dixe: ô rosinha

eu amo voce de mai

e ja falei cum seu pai

tu me qué minha rainha?

Ela toda incabulada

ficava oiando de lado

cum o rostavermeiado

agarrada as duas mão

me dixe: " meu coração,

eu isperava esse momento

eu sonho cum casamento

nossa eterna união"

Ah! quando minhas oiça uviu

as palavra da rosinha

eu le dixe quiridinha

é de mim que você gosta

purisso truxe a proposta

e a seu pai eu pidi

hoje eu num vou nem durmí

pensanem sua resposta

E o tempo se passano

namoramo quage um ano

nos noivamo e nos casamo

e nóis vivia filiz

mas o distino num quiz

e botou no meu caminho

um marvado dum visinho

um disgraçado infiliz

Todo dia ele ia

me fazê uma visitinha

mas era mermo in rosinha

toda sua intenção

me chamava de irmão

e eu nele cunfiava

só que eu nuca insperava

de me fazê traição

Eu e ele sempre ia

veze pro outras, caçá

numa noite de luá

ele dixe que num ia

que tava cum agunia

febre, do de cabeça e fri

inda levei pru infiliz

uma caneca de chá

que rosinha aprerparou

pra mode eu intregá

Sai, fui caça sozin

era quage nove hora

e na quela merma hora

dei um xero na muié

tomei dipressa o café

e fui me imbora caçá

mas insquici a cachaça

meia noite é que notei

ai pra casa vortei

foi grande aquela disgraça

Quando eu intrei pur trai

a porta tava inscorada

eu nun qui fazê zuada

pra rosinha num acordá

eu só fazia inscutar

a cama se balançando

e a voz dela falando

"ah que gostoso te amá"

Que hora discunjurada

rosinha com o visinho

os dois bem agarradinho

nem notaro eu chegá

fui la fora no girá

amolei minha pexera

dixe: " SUA CANGAIERA

AGORA VÔ LE MATÁ"

Os dois pularo da cama

jogaro um lençol in neu

rosinha se iscundeu

que nem o dhabo achava

inda fui vê se eu pegava

o visinho traidô

mas ele se disparô

que nem bala le pegava

Dessa noite in diante

nunca mais eu vi rosinha

vivo in nossa paihocinha

lembrano minha disgraça

o povo achano graça

quando vem me avisitar

veno eu me acabá

com um litro de cachaça

Aristóteles Lima
Enviado por Aristóteles Lima em 25/01/2011
Reeditado em 25/01/2011
Código do texto: T2751562