Quando o dinheiro circula, não há crise* Autor: Damião Metamorfose.
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Extraído de um recado que o amigo poeta Eduardo Viana enviou.
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O Eduardo Viana
Grande vate amigo meu.
Contou-me uma história
Do tempo de Zebedeu.
Se for verdade ou mentira,
O culpado não sou eu!
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Essa história aconteceu,
Num pequeno povoado.
Que mesmo pequeno, tinha
Um povo tão avançado.
E tão bom de matemática,
Que nunca foi superado.
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Mesmo no tempo passado,
Lá já existia hotel.
Padaria e frigorífico,
Supermercado e bordel...
E um poeta boêmio,
Que escrevia cordel.
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Todos tinham o seu papel
De cidadãos respeitados.
E uns ajudavam os outros,
Para serem ajudados.
Mas com os tempos de crise,
Ficaram endividados.
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Com seus comércios parados,
O capital não girava.
Para não parar de tudo,
Um ao outro se ajudava.
Devido a tanto fiado
A crise só aumentava.
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Dinheiro não circulava
Mais naquele povoado.
Sem ter a quem recorrer,
O nó estava arrochado.
E a única saída era:
Comprar e vender fiado.
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Mas por ser tão avançado
O povo que ali morava.
Sem ter jeito, dava um jeito,
Pra ver se a crise passava.
A espera de um milagre,
Todo dia trabalhava.
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O dono do hotel estava
Triste atrás do balcão.
Quando adentrou um senhor,
Garboso e de posição.
Vestido com roupas finas
E uma valise na mão.
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Usando de educação,
O turista ou forasteiro...
Perguntou se tinha vaga
Em um quarto pra solteiro.
E o dono do hotel falou:
Temos o hotel inteiro!
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Vou deixar esse dinheiro
Como adiantamento.
E enquanto eu escolho
O melhor apartamento.
Se eu não gostar de nenhum,
Devolva-me cem por cento!
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E saiu nesse momento
Com todas as chaves na mão.
Antes deixou uma nota
De cem, para o do balcão.
E o dono do hotel falou:
Fique a vontade patrão!
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Passou a mão nos cenzão
E deixou a portaria.
Benzeu-se e agradeceu
Aos santos que conhecia.
E saiu pela cidade,
Pagou tudo o que devia.
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Cada um que recebia,
O dinheiro do hoteleiro.
Ia pagando pro outro,
Para girar bem ligeiro.
Porque dinheiro parado,
Não pode gerar dinheiro.
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Boêmio o raparigueiro,
O escritor de Cordel.
Foi quem ficou com a nota,
Para pagar o bordel.
Foi lá, pagou, e, com o troco,
Tomou mais de um coquetel.
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Às pressas para o hotel!
A cafetina falou:
Eu posso ser prostituta,
Mas caloteira eu não sou.
Vou pagar minhas diárias,
A crise agora acabou!
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Boêmio: fique que eu vou,
Pagar o que estou devendo.
Se chegar algum cliente,
Você pode ir atendendo.
Mas se não chegar ninguém,
Faça o que tu tá querendo.
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E pro hotel foi correndo,
Pra pagar o que devia.
Quando chegou, avistou
O dono na portaria.
Que ao ver a nota de cem,
Aos santos agradecia.
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Enquanto isso descia,
O turista ou forasteiro.
Com cara de insatisfeito,
Já dizendo ao hoteleiro.
Não gostei de nenhum quarto...
Devolva ai meu dinheiro!
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Pronto! Tá aqui companheiro,
O dono do hotel falou.
O rapaz botou no bolso,
Deus adeus e viajou.
E a partir daquele instante
A crise ali se acabou.
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O dinheiro circulou,
Essa foi à solução.
Todos pagaram as contas,
Sem gastar nenhum tostão.
E os cem que salvou a todos
Voltou para a mesma mão.
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Dai uma conclusão,
A moda bem caipira.
Matemática é coisa seria,
Isso aqui não é mentira.
A moeda circulando
O capital também gira.
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Fim.