Quando o dinheiro circula, não há crise* Autor: Damião Metamorfose.

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Extraído de um recado que o amigo poeta Eduardo Viana enviou.

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O Eduardo Viana

Grande vate amigo meu.

Contou-me uma história

Do tempo de Zebedeu.

Se for verdade ou mentira,

O culpado não sou eu!

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Essa história aconteceu,

Num pequeno povoado.

Que mesmo pequeno, tinha

Um povo tão avançado.

E tão bom de matemática,

Que nunca foi superado.

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Mesmo no tempo passado,

Lá já existia hotel.

Padaria e frigorífico,

Supermercado e bordel...

E um poeta boêmio,

Que escrevia cordel.

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Todos tinham o seu papel

De cidadãos respeitados.

E uns ajudavam os outros,

Para serem ajudados.

Mas com os tempos de crise,

Ficaram endividados.

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Com seus comércios parados,

O capital não girava.

Para não parar de tudo,

Um ao outro se ajudava.

Devido a tanto fiado

A crise só aumentava.

*

Dinheiro não circulava

Mais naquele povoado.

Sem ter a quem recorrer,

O nó estava arrochado.

E a única saída era:

Comprar e vender fiado.

*

Mas por ser tão avançado

O povo que ali morava.

Sem ter jeito, dava um jeito,

Pra ver se a crise passava.

A espera de um milagre,

Todo dia trabalhava.

*

O dono do hotel estava

Triste atrás do balcão.

Quando adentrou um senhor,

Garboso e de posição.

Vestido com roupas finas

E uma valise na mão.

*

Usando de educação,

O turista ou forasteiro...

Perguntou se tinha vaga

Em um quarto pra solteiro.

E o dono do hotel falou:

Temos o hotel inteiro!

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Vou deixar esse dinheiro

Como adiantamento.

E enquanto eu escolho

O melhor apartamento.

Se eu não gostar de nenhum,

Devolva-me cem por cento!

*

E saiu nesse momento

Com todas as chaves na mão.

Antes deixou uma nota

De cem, para o do balcão.

E o dono do hotel falou:

Fique a vontade patrão!

*

Passou a mão nos cenzão

E deixou a portaria.

Benzeu-se e agradeceu

Aos santos que conhecia.

E saiu pela cidade,

Pagou tudo o que devia.

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Cada um que recebia,

O dinheiro do hoteleiro.

Ia pagando pro outro,

Para girar bem ligeiro.

Porque dinheiro parado,

Não pode gerar dinheiro.

*

Boêmio o raparigueiro,

O escritor de Cordel.

Foi quem ficou com a nota,

Para pagar o bordel.

Foi lá, pagou, e, com o troco,

Tomou mais de um coquetel.

*

Às pressas para o hotel!

A cafetina falou:

Eu posso ser prostituta,

Mas caloteira eu não sou.

Vou pagar minhas diárias,

A crise agora acabou!

*

Boêmio: fique que eu vou,

Pagar o que estou devendo.

Se chegar algum cliente,

Você pode ir atendendo.

Mas se não chegar ninguém,

Faça o que tu tá querendo.

*

E pro hotel foi correndo,

Pra pagar o que devia.

Quando chegou, avistou

O dono na portaria.

Que ao ver a nota de cem,

Aos santos agradecia.

*

Enquanto isso descia,

O turista ou forasteiro.

Com cara de insatisfeito,

Já dizendo ao hoteleiro.

Não gostei de nenhum quarto...

Devolva ai meu dinheiro!

*

Pronto! Tá aqui companheiro,

O dono do hotel falou.

O rapaz botou no bolso,

Deus adeus e viajou.

E a partir daquele instante

A crise ali se acabou.

*

O dinheiro circulou,

Essa foi à solução.

Todos pagaram as contas,

Sem gastar nenhum tostão.

E os cem que salvou a todos

Voltou para a mesma mão.

*

Dai uma conclusão,

A moda bem caipira.

Matemática é coisa seria,

Isso aqui não é mentira.

A moeda circulando

O capital também gira.

*

Fim.

Damião Metamorfose
Enviado por Damião Metamorfose em 23/01/2011
Código do texto: T2747062
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