SANGUE CIGANO: A EFERVESCÊNCIA E LUTA DE UM POVO EM BUSCA DE SUA IDENTIDADE CULTURAL
Alô povo brasileiro
Quero lhes comunicar
Eu sou Sírlia Lima
Sou Poeta Potiguar
E sou representante
Da cultura popular
Ninguém fala dos ciganos
Pelos versos do cordel
Eu pensei deixe comigo
Eu escrevo a granel
Só preciso de caneta
Inspiração e papel
Pesquisei sobre o assunto
Pra fazer argüição
Com esse povo cigano
Aprendi grande lição
Fui me surpreendendo
Fazendo investigação
Comecei com Zarco
Que é um grande precursor
Na luta pelos direitos
E revela seu amor
Não renega o seu povo
Dele é interlocutor
Fui fazer a pesquisa
E achei fenomenal
O tal cigano Zarco
É nascido em Natal
E a cultura cigana
Está na rede mundial
O Zarco é estudado
Tem diploma de doutor
Da cultura cigana
Não esquece o valor
Irá levá-la ao mundo
Nos lugares onde for
A maior luta do Zarco
Era dar cidadania
Resgatar a identidade
De um povo que sucumbia
Ao ser discriminado
Sem provar que existia
Os ciganos no Brasil
Sofrem muita opressão
São muito discriminados
Sem motivo sem razão
Eles sempre são taxados
De vagabundo ou ladrão
O cigano zarco
Que é muito inteligente
Criou uma ONG
Para lutar por sua gente
O cigano no Brasil
É tido como indigente
A luta do Cigano
Está posta nos anais
O Centro de Cultura Cigana
Fica em Minais Gerais
E se espalha pelo mundo
Por diversos canais
Zarco muito astuto
Começou a meditar
Sem ter cidadania
Nada pode avançar
Conclamou autoridades
Para poder lhe ajudar
Por isso ao Presidente
Fez uma petição
O povo cigano precisa
De uma certidão
Do seu registro civil
Para provar que é cidadão
O registro foi concedido
E tem Lei que sentencia
Que caminhos espinhosos
Para se ter democracia
Junto com a Lei
Veio a tal burocracia
Queriam que o cigano
Desse-lhe comprovação
Onde era o endereço
Desse pobre cidadão
Que habitava em barraca
Sem prender-se aquele chão
Quando vai ao cartório
Requerer a certidão
O cigano é humilhado
Na fila da opressão
Representa minoria
E já fazem exclusão
O censo do IBGE
Fez o recenseamento
Para conhecer o povo
E fazer planejamento
A etnia cigana
Não consta no documento
Provando que a ignorância
Não traz desenvolvimento
Deixando um povo a mercê
Da sorte, do sofrimento
Mantendo analfabetos
Por falta de letramento
Para fazer as estatísticas
É grande o investimento
Contratação de pessoal
E compra de equipamento
Só falta inteligência
Para o tal questionamento
O governo aos ciganos
Deve se redimir
Oferecer direitos básicos
E o direito de existir
E fechar os tais cartórios
Que a Lei quer infringir
Ter registro civil
É de todos um direito
Recebam bem os ciganos
Tratem todos com respeito
Não seja mal criado
Nunca aja desse jeito
Desde os tempos de criança
Eu ainda posso lembrar
Quando vinha uma cigana
Já me mandavam entrar
Cuidado com a cigana
Ela vai te carregar
Eu então cresci
Transportando esse medo
Depois fiquei curiosa
Para saber o segredo
Como ela lia a mão?
Questionava desde cedo
Vivemos sobre influencia
Da tal televisão
Que mesmo tendo defeitos
Amplia a nossa visão
E passei a ver ciganos
Em Explode Coração
Eu ficava fascinada
Não achava anormal
Adorava a Sandra Rosa
Lá da Letra do Magal
Que é uma Lenda cigana
Que eu achei sensacional
O cigano em sua essência é feliz
Sua alma é caliente
Tem musicalidade
Sua dança é envolvente
Tem sua própria língua
E cultura diferente
Tem gente que é cigana
E por medo silencia
Tem até imortais
Da nossa Academia
Teve até Presidente
Que era desta etnia
Os ciganos precisam
De ter valorização
De transmitir essa cultura
Na vertente educação
Pra romper com os preconceitos
E ter apropriação
Falar desta etnia
Para o aluno saber
Quem são e como vivem
Aprender a conviver
Só assim na ignorância
Não irão permanecer
Nem todos os ciganos
Estão em má situação
O cigano empresário
É aceito na nação
Que vive de falsidade
O que vale é a posição
Sobre a vida cigana
Não fiz detalhamento
È apenas um protesto
Que faço deste instrumento
Para conscientizar o povo
Aguardem um suplemento
Saber sobre os ciganos
Foi motivo de emoção
Essa linda Cultura
Trouxe-me empolgação
Sírlia Lima se despede
Com calor no coração