ESCRITOR E ÁGUA POTÁVEL SEMPRE ENTRAM PELO CANO
Seja em verso ou prosa,
Ao exercitar a arte,
Todo poeta faz parte
De um mundo cor de rosa,
Onde vigora a famosa
Máxima, de cujo plano,
Entra ano e sai ano,
Escapar não é provável:
Escritor e água potável
Sempre entram pelo cano.
É verdade que o artista,
Em qualquer modalidade,
Passa por dificuldade,
Para agradar a vista
Do cidadão ao turista,
Ante o ato soberano
De quem julga, leviano,
O que não é agradável.
Escritor e água potável
Sempre entram pelo cano.
Se publica sua obra,
Ganha editor e livreiro,
Mas ao autor, altaneiro,
De fato, pouco lhe sobra,
Já que tudo se lhe cobra,
A título de perda ou dano,
Num esgar quase profano,
D’alguém pouco confiável.
Escritor e água potável
Sempre entram pelo cano.
Assim, resta, simplesmente,
Esperar que algum dia
Haja uma melhoria
Na situação vigente,
Que se plante a semente
De sistema mais humano.
Do contrário, ledo engano,
Pensar tornar-se notável.
Escritor e água potável
Sempre entram pelo cano.