Conto da série: "Bicho que parece gente". (2)



O EXÉRCITO DAS CORUJAS
 


Nas montanhas alterosas
No início do verão
Marchando entre mimosas
Via-se um batalhão
Vestido como pra guerra
Os rostos sujos de terra
Pronto pra revolução.
 
Corujas beligerantes
Que sobem sem reclamar
As pedras escorregantes
Nem pensam em descansar.
Lá no topo da montanha
Armada está a campanha
Pra batalha começar.
 
Um ninho de ratazana
Que lhes abre o desejo
A comida mais bacana
Melhor do que pão de queijo.
Avançam silenciosas
A montanha alterosa
Não se perde tal ensejo.
 
A batalha barulhenta
Ouve-se em Juiz de Fora
Não foi assim tão sangrenta
Alguns ratos foram embora
Enfiaram-se em buracos
Pois não eram nada fracos
Não era chegada à hora.
 
As corujinhas valentes
Continuam acampadas
Pois não fogem do batente
E são muito animadas.
Assim são as corujinhas
Comilonas, bonitinhas,
Sabidas e educadas.





AS CORUJAS DE DONA ROSA E ELIANA

 

 

Essas corujas sabidas

Que habitam as alterosas

Na cidade são queridas

Tratam-nas como as rosas

São belas e perfumadas

E repousam nas sacadas

Da casa de Dona Rosa.

 

Dona Rosa é a vizinha

De nossa amiga Eliana

Sempre achou que corujinhas

Traziam sorte bacana

Levou-as consigo embora

Pras terras de Juiz de Fora

Dona Rosa está sozinha.

 

Mas Mirah é boa menina

Que não faz mal a ninguém

Foi no alto da colina

Buscar um macho também

Que emprenhou as corujas

Ô, macho de mente suja,

Só pensou em se dar bem.

 

E Mirah, toda dengosa,

Viu as corujas nascendo

Avisou a Dona Rosa

Que foi logo aparecendo

Levou umas dez embora

E lá em Juiz de Fora

O exército se estendendo!

 

(Milla Pereira)




A querida Marina Alves também conheceu as peripécias desse exército.

 
Com cara meio de gente
Corujinhas corajosas
Bem quietas na sacada
Da casa de dona Rosa
 
Marina Alves




Hull de La Fuente
Enviado por Hull de La Fuente em 13/01/2011
Reeditado em 31/01/2011
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