Canto do homi do sertão
Lá pras bandas da sordade
Onde vive dona solidão
Mora um sinhô de vontade
Seu nome eu num sei não
Só sei que dá medo e corage
Arrepio na sola do pé e da mão
Parece um veinho baxo
E uma sinhorinha de artura
Corre as vereda do sertão
Com tanta vontade e bravura
Semeia nas minha prantação
Sordade pra mais de lonjura
Eu fico do meu cantinho
Esperando ela avistar
No cantinho dos meu zoio
Que não pará de chorá
Verte água de tristeza
Nas noite do meu luar
Se eu falo assim ligero
É pro mode de num esquecê
Que pra ela num demorá
Basta o sapo aquecê
A sua cantoria na lagoa
Faiz nós se desintristecê
Cum suas gutinha serena
Faiz sorri meu coração
Vem chuvinha bem ligera
Moiá os meu pé de feijão
Prantado com muito carinho
Nas frontera do meu sertão
O nome do sinhô eu já sei
Me contô a dona chuva
Me falô bem baixinho
Sem usá meia, nem luva
Pruquê pra mode vivê
Fazendo vinho sem uva
O sertanejo já sabe
A hora de esperar
Pra esperança sem pressa
Poder lhe visitar
E molhar o seu sorriso
Que a lágrima deu lugar
O sinhô é o choro
A sinhora alegria
As pranta tão moiada
E já vai nascê um dia
Feijão, mio , cevada
Alegrando as cotovia!
Agora eu vou drumi
Pra acordá cum passarinho
Trazendo gaio pro gaio
Divagá faiz seu ninho
Eu que já sei o jeito
Gradeço a Deus o carinho!