O pobre rico e o rico pobre

O pobre era rico

Era exemplo de sutileza

Andava pelas ruas

Distribuindo gentileza

O rico era pobre

Exprimindo sua dureza

No grande e imponente prédio

Orgulhava-se de sua riqueza

O pobre era amado

Respeitado por sua bondade

Suas mãos sujas e duras

Aumentavam a sua idade

O rico era lembrado

Mas de ninguém tinha saudade

No banco era tratado

Como se fosse uma divindade

O pobre tinha muitos filhos

E com eles encontrava paz

O salário mal dava pra comida

Arroz, feijão, nada mais

O rico tinha só um

Que estudava e lia jornais

Comida do bom e do melhor

Saciando sua fome voraz

O pobre era José

Seu barraco o morro engoliu

A tragédia não lhe abalou

Continuou bondoso e sutil

O rico era Roberto

Uma de suas firmas hoje faliu

Na bolsa perdeu uns milhões

E de raiva, todos demitiu

O pobre era um deles

Não sabia mais como seria

Desempregado, com 12 filhos

Teria ajuda da família

O rico continuaria rico

Perdendo um milhão todo dia

Mas o que vale é o status

E não o que o dinheiro valia

O pobre morreu de frio

Congelado em pleno inverno

E no céu foi recebido

Por espíritos fraternos

Em vida fez bons amigos

Por eles será sempre lembrado

Seus filhos levam no sangue

A herança dos seus antepassados

O rico morreu de infarto

E cremado com o melhor terno

Com seu dinheiro só pôde comprar

Um barraco lá no inferno

Em vida fez bons negócios

Mas seus imóveis só servem de herança

Deixou seu único filho rico

Que dele não tem nenhuma lembrança.

Fábio Granville
Enviado por Fábio Granville em 11/01/2011
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