O cordel dos: por quês?* Autor: Damião Metamorfose.

*

Eu não consigo entender,

Por que a falta de amor,

Por que tanta violência,

Por que o ódio e o rancor?

Se amar é tão gostoso,

A dor que é tão doloroso,

Mas tem quem prefira a dor!

*

O preconceito de cor

Por que será que existe?

Sei que somos diferentes,

Mesmo assim eu fico triste.

Porque essa diferença,

É no que faz no que pensa,

Não merece um dedo em riste!

*

Por que muita gente insiste,

Na falta de união,

Seja em casa ou na rua,

Sempre arruma confusão.

Se a vida com amizade,

Na paz e na irmandade,

Tem mais sentido e razão?

*

Por que é que uma avião

Voa e faz pirueta.

E quando cai se destroça,

Explode igual espoleta.

Pode tudo espatifar,

Que ainda vão encontrar,

Intacta a tal caixa preta?

*

Por que é que a espoleta,

É o último artefato,

Que se põe em um cartucho

E quando acontece o ato.

Da explosão desejada,

Sai o chumbo em disparada

E o tiro em momento exato?

*

Por que é que o carrapato,

Não é pato nem é carro?

Jarra tem asa e não voa

E não é mulher do jarro?

João de barro é construtor,

Podia ser João doutor,

Mas não é, é João de barro?

*

Por que é que tirar sarro,

já é coisa de passado?

Por que aquele que mais tem,

Acha ruim quando é roubado?

Se eu e você sabemos,

Que tudo aquilo que temos,

Não é nosso, é emprestado.

*

Por que Adão foi gerado,

De barro e a sua bela,

A Eva, dizem que foi,

Feita de uma costela?

Veja a vida como é,

Se fosse de um filé,

Só Deus aguentava ela!

*

Por que nunca se revela,

A verdade dos ETs.

Os governantes escondem,

O mesmo faz as TVs.

Se fazem isso é por medo?

Eu vou contar um segredo,

Eu acredito e vocês?

*

Por que será que os por quês,

Quem sabe nunca revela?

Por que, que ninguém é feio,

Mas tem a feia e a bela?

E o doce da rapadura,

É mais doce e sem mistura,

Na raspa de uma gamela?

*

Por que morar na favela,

É sinônimo de bandidos?

Se a maioria é de honestos

E menos favorecidos.

Por que esse preconceito,

Ser pobre será defeito?

Coitados dos excluídos!

*

Por que é que os ressequidos,

Sempre dizem ser ateu.

E quando ele leva um tombo

E perde o que diz ser seu.

Esquece-se dos ateus

E sai gritando: meu Deus!

Trás de volta o que era meu?

*

Por que é que canto eu,

um canto mais de amizade.

Mesmo eu sendo transparente,

Falo pouco de saudade.

Se o meu canto é verdadeiro,

Sou metade ou sou inteiro,

Sou mentira ou sou verdade?

*

Por que é que a vontade,

É a última que morre?

Cachaceiro bebe e dorme

E diz que não foi um porre?

Se o dia nasce sabendo,

Que a noite acaba morrendo,

Por que esse corre-corre?

*

Por que ninguém me socorre,

Quando eu estou mais aflito?

Por que eu não me acho feio

E nem tampouco bonito?

E quando eu passo na rua,

Tem gente que se insinua

Chamando-me que esquisito?

*

Por que ser o Benedito,

É ser algo ruim ou preto?

Por que casa de ferreiro,

Raramente tem espeto?

E sendo mais analítico,

Por que é que o político,

Sempre diz: eu te prometo?

*

Por que será que o Gepeto

Com madeira, fez um homem?

O pão que o diabo amassou,

São os humanos que comem?

E as moedas que guardei,

Na hora que precisei,

Por que será que elas somem?

*

Por que é que o lobisomem,

Que assusta e causa terror.

É sempre um Ricardão,

Que vai atrás de um amor?

Por que o besta que é pobre,

Sempre trata o que é mais nobre,

De meu patrão e doutor?

*

Por que quem perde um amor,

É triste e meditabundo?

Por que é que o tempo livre,

É mais para o vagabundo?

E eu sem sair de casa

E sem ajuda da NASA,

Pensando, eu viajo o mundo?

*

Por que quem vai lá no fundo,

Sempre trás alguma frágua?

Se do fundo nos sabemos

Era pra se trazer água?

Porque é que a mulher

Por baixo veste o que quer

E antigamente era anágua?

*

Por que o rio deságua,

Em outro rio ou no mar?

Por que água evapora

E é mais leve que o ar?

Se ela evapora da terra,

Por que não sobe uma serra

E desce sem se molhar?

*

Por que estou a perguntar,

Sem está vendo ninguém?

Se o perto pode ser longe,

Por que o longe é além?

Por que o homem do mal,

Quando não é seu rival,

Você sabe e fica aquém?

*

Por que é que quem tem cem,

Deseja ter um milhão?

Por que o ano passa rápido,

Se tem copa ou eleição?

Por que é que a policia,

Sempre se alia a milícia

E fala mal do ladrão?

*

Por que é que eu ganho o pão,

Mas não é de padaria?

Pode ser feijão, arroz,

Dinheiro em qualquer quantia.

E quando estou descansando,

Só lembro o que estou sonhando,

Depois que amanhece o dia?

*

Por que o que eu mais queria,

Era sempre ser criança?

Eu sei que o tempo não para,

Mas por que é que ele avança.

Pra quem tem tudo na vida

E o que não tem nem guarida,

Passa o tempo e a esperança?

*

Por que será que uma lança,

Voa reta e faz atalho?

Por que, que tem quatro naipes,

Nas cartas de um baralho?

Era um tapado ou esperto,

Quem achou que, braço aberto,

É postura de espantalho?

*

Por que é que o chocalho

Que se põe em animais,

O som só tem uma nota,

Mas se juntar cinco ou mais,

Toca qualquer melodia.

Já pensou que bom seria

Tantas notas musicais?

*

Por que TVs e jornais

Escondem o que o caveirão.

Trouxe quando ele desceu

Do morro do alemão?

Por que ninguém dá palpite?...

E atiradores de elite,

Sempre atiram em pé ou mão?

*

Por que criar confusão?

Se a paz é melhor pra gente?

Pra que serve o livre arbítrio,

Pra quem é incompetente?

E por que um beija-flor,

Sem ter hélice nem motor

Voa pra trás e pra frente?

*

Por que quando tem enchente,

Desastre ou calamidade.

O mundo inteiro se une

Em prol da fraternidade.

E antes das dores sanar,

Todos param de ajudar,

Deixando pela metade?

*

Por que uma celebridade,

Esquece que foi calouro

E passa a tratar os fãs,

Na porrada e no estouro?

E o que o cigano encobre,

Se tem aparência pobre

E a boca cheia de ouro?

*

Por que todos têm tesouro,

Ao longo da sua vida.

E o tesouro sempre fica

Numa gaveta escondida?

Por que, que é que tem nobre,

Que é mais pobre que o pobre,

Por ter alma ressequida?

*

Se uma pessoa agredida,

Age mais pela emoção.

Será por que ela esquece

De usar a voz da razão?

Ou será que a dita raiva,

Deixa-o igual ao seu Saraiva

Zero até na educação?

*

Por que motivo ou razão,

Nem todos têm sua vez?

Se eu soubesse, respondia,

O sim, o não e o talvez.

Como eu não sei, eu pergunto,

Por que fogem do assunto,

Quando o assunto é os, por quês?

*

Fim.

*

Devido o texto ser longo, eu deixo aqui o meu muito obrigado a quem tiver o tempo disponível e paciência para lê-lo, grato e inté.

Damião Metamorfose
Enviado por Damião Metamorfose em 09/01/2011
Código do texto: T2718163
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