DOCE AMOR.

DOCE AMOR.

UM DOCE VELHINHO

MORAVA NA ROÇA

NA POBRE PALHOÇA

MORAVA SOZINHO.

SEM TER COMPANHEIRA

ESCUTA O IDOSO

O CANTO SAUDOSO

DA AVE SOLTEIRA.

IGUAL UMA AVE

LIVRE DE GAIOLA

TIROU DA VIOLA

SEU CANTO SUAVE.

SAINDO AO LUAR

BANHADO DE PRATA

ESCUTA NA MATA

MULHER A CANTAR.

SURPRESO AINDA

CARENTE E ESPERTO

QUERIA DE PERTO

AQUELA VOZ LINDA.

PENSANDO EM BRAVURA

NO OMBRO A VIOLA

PUNHAL E PISTOLA

NO CINTO PENDURA.

NA DENSA FLORESTA

ESTÁ SEU DESTINO

NO SOM FEMININO

FAZENDO SERESTA.

PENSANDO EM BEIJINHOS

NÃO SENTE CANSAÇO

PENSANDO EM ABRAÇO

NÃO SENTE OS ESPINHOS.

FELIZ VAGA-LUME

SUBIU ALTANEIRO

DESCEU DO FAXEIRO

DA FLOR O PERFUME.

ÁRVORES ENVOLTAS

EM ESCUROS VÉUS

MANDARAM AOS CÉUS

AS FOLHAGENS SOLTAS.

OUVIA DAS FURNAS

FUNÉRIOS APITOS

ANDAVA ENTRE GRITOS

DAS AVES NOTURNAS.

ESCUTA UM GEMIDO.

DERRUBA A VIOLA

DA SUA PISTOLA

SAI UM ESTAMPIDO.

CONTRA O CAÇADOR

UM TIGRE INVESTIU

A MATA ASSISTIU

SEU BERRO DE DOR.

UM TIRO NA TESTA

UM TIGRE QUE MORRE

UM VELHO QUE CORRE

DEIXANDO A FLORESTA.

SENTINDO O VELHINHO

O PESO DOS ANOS

COM SEUS DESENGANOS

REGRESSA AO RANCHINHO.

CANTAVA A PERDIZ

AO SOM DA SERESTA

E TODA A FLORESTA

CANTAVA FELIZ.

UMA VOZ NA CAMPINA

EM NOITE DE LUA

DIFERE DA SUA

É VOZ FEMININA.

O HOMEM PRESSENTE

QUE A MELODIA

É AQUELA QUE UM DIA

LHE FEZ TÃO CONTENTE.

O VELHO VER ANCHO

A VIOLA QUE VEM

NOS BRAÇOS DE ALGUÉM

ENTRANDO NO RANCHO

TÃO LINDO QUE ERA

O SONHO DOIRADO

NÃO FOI SUFOCADO

NO BERRO DA FERA.

aldemaralves
Enviado por aldemaralves em 06/01/2011
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