MARTELO AGALOPADO, UM LINDO ESTILO
O cordel é vertente da cultura
Aprazível demais, não se contesta
Nossa rede global, de fato, infesta
Adesões cada vez mais assegura
Com viés popular se configura
No Brasil, tem origem nordestina
Mas em outros locais grassa, fascina
Em distintos estados tem autores
Semeando seus versos, lindas flores
Pelas ruas, na praça, em muita esquina
Pode ser cada linha em redondilha
Pra fazer um cordel rapidamente
Sendo usadas seis linhas tão-somente
Essa estrofe é chamada de sextilha
Sete versos nós temos a setilha
Uma oitava? Tem oito é a resposta
Tendo dez uma décima é composta
Da quintilha e da quadra é pouco o uso
Desse jeito, leitores, introduzo
Apresento as comuns da forma posta
Noutro texto abordei como é medido
Todo verso integrante dum poema
A contagem silábica é problema
Não é raro um poeta confundido
Sobretudo no verso mais comprido
Um martelo, um galope ou similar
É preciso saber metrificar
Pôr cadência, rimar com simetria
Para ser resultante a melodia
É gostoso, quem lê vai adorar
Eu confesso encontrar dificuldade
Pra compor nas dez sílabas poéticas
Justamente devido às tais estéticas
Faço em sete por ter tranquilidade
Percebendo, porém, necessidade
Compartilho das regras aprendidas
Não podia deixá-las escondidas
Porque têm para todos importância
Essas dicas de extrema relevância
Devem ser todo tempo difundidas
Pra escrever em Martelo Agalopado
Não se pode fazer de qualquer forma
Necessário é cumprir a sua norma
Para o som não sair atravessado
Em primeiro lugar, tenham cuidado
Nas dez sílabas ponham a cadência
Na terceira e na sexta é exigência:
Deve haver, amigões, tonicidade
Muitas vezes, não há facilidade
Entretanto, há respeito a sua essência
No tocante ao esquema é usual
Os dez versos conforme aqui mostrados
O segundo e terceiro bem rimados
Quarto, quinto e primeiro: rima igual
Rima oitavo com nono, pessoal
Rimam sexto, seguinte e derradeiro
Ademais, assevera seu parceiro
Há estrofes mais curtas em martelo
Por exemplo, em seis versos fica belo
Esse estilo adorável por inteiro
Nessas letras não passo de aprendiz
Não pretendo dar uma de sabido
Vira e mexe me vejo, sim, perdido
Corro atrás das lições sempre feliz
Acreditem, meus caros, eu só quis
Ajudar porventura algum poeta
Ser melhor com certeza não é meta
Com vocês, eu estou no mesmo barco
Se for útil pr'alguém meu saber parco
Alegria no peito se completa
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Este texto não tem a pretensão de esgotar as regras em comento. Trata-se de uma pequena contribuição para aqueles que pretendem escrever no estilo referenciado e, eventualmente, tenham alguma dúvida.
A título de sugestão, seguem os links de preciosos artigos de autoria do Compadre Lemos, grande mestre cordelista:
Teoria do Cordel
Estudo específico sobre metrificação
A estrada e o poema
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Este texto não tem a pretensão de esgotar as regras em comento. Trata-se de uma pequena contribuição para aqueles que pretendem escrever no estilo referenciado e, eventualmente, tenham alguma dúvida.
A título de sugestão, seguem os links de preciosos artigos de autoria do Compadre Lemos, grande mestre cordelista:
Teoria do Cordel
Estudo específico sobre metrificação
A estrada e o poema