NOSTALGIA
Às tardes, no meu quintal,
vem-me um bem-te-vi cantar
e eu acho muito normal,
mas não aqui, no lugar.
Isto, sim, lá no sertão,
seresta me acontecia
de cantar um azulão,
por conta da nostalgia.
Quando morava por lá,
na maior da cantarola,
qualquer cantor sabiá
vinha à minha portinhola.
Aqui, na pétrea cidade,
onde não há nem um parque,
eu vejo como saudade,
das aves, talvez, embarque.
Mas me vem um bem-te-vi
e, agora, aturo o seu canto
e penso por que vivi
do meu amor longe, e tanto!
Aqui, na cidade grande,
ouço o bem-te-vi cantar,
confundo co’a voz da Sandy
– dói-me a saudade, sem par.
Não entendo o passarinho,
que, tendo, talvez, amantes,
larga-se, lá do seu ninho,
e vem-me a terras distantes.
Suponho que o bem-te-vi,
cioso de bom correio,
traz-me recados de ti,
que dele nos cantos leio.
Meu bem-te-vi vespertino,
só muito, em raro, às manhãs,
tu vens me cantar um hino,
como a zombar-me das cãs.
Eu bem que te adotaria
numa gaiola dourada,
mas, por tua nostalgia
– fica solto, camarada!
Fort., 1º/01/2011.
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È sempre um prazerzão contar com
uma interação do excelente poeta
e companheiro do Recanto, o mestre
Miguel Jacó. Aqui vão os seus muito
bem-vindos versos:
" 02/01/2011 11:27 - Miguel Jacó
Canta aqui no meu quintal,
Um passarinho desta estirpe,
Todo ida um carnaval,
Agradecendo ao meu convite,
Para vir comer bananas,
Quem quiser que acredite.
Bom dia Gomes, seus versos ficaram perfeitos , redundando nestes exímios cordéis.Mate uma curiosidade minha, nas minhas pesquisas sobre cordéis não os encontrei nas configuração de quatro versos.MJ.
Para o texto: NOSTALGIA (T2703950) "
- Sua curiosidade, quanto a cordéis versejados em quadras, responderei 'a posteriori', pois, agora, filha e genro chegaram
para o almoço, sou forçado a sair do ar, rsss.
Um abraço, obrigado mesmo pela interação e tudo de bom no
ANO NOVO, caro Miguel.