O Filho que bateu nos pais... Baseado em fato verídico.* Autor: Damião Metamorfose.
*
Gosto muito de escrever,
Sobre Histórias reais.
Mas essa que escrevo agora
Não vai ser das mais legais.
Porque o assunto é forte,
Fala de agressão e morte
E filho que bate nos pais!
*
Nesses dias atuais,
Não sei por que acontece.
Os pais se doam pro filho,
Porém depois que ele cresce.
Em vez de doar amor,
Dá desgaste, angustia e dor...
Da pior forma agradece.
*
Não sei por que, mas esquece,
De quem te doou a vida.
Que te deu nome e respeito,
Carinho, amor e guarida.
E em troca não pediu nada,
Mas recebeu bofetada,
Pontapé e mão erguida!
*
Esse é o ponto de partida
Pra eu falar de um rapaz.
Não citarei o seu nome,
Já morreu que fique em paz.
Seu nome eu vou preservar,
De outro nome eu chamar
E eu escolhi “Tomaz”.
*
Tudo o que aqui se faz...
Aqui também é julgado
Uma parte e a outra,
Vai a júri do outro lado.
Tomaz plantou muito espinho
E pedras no seu caminho,
Sempre foi um desregrado.
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No jogo era um viciado,
Sem caráter e educação.
Na mesa que ele estivesse,
Sempre havia confusão.
Quando bebia, aprontava,
Se comprasse não pagava
A primeira prestação.
*
Nunca foi bom cidadão,
Tinha fama de encrenqueiro.
Como pai também não foi,
Cuidadoso e conselheiro.
Era um marido traira,
Um amigo da mentira,
Falso, fraco e caloteiro...
*
Quando estava com dinheiro,
Constantemente esnobava.
Jogava encima da mesa,
Contava e se exaltava.
Mas pra pagar a rodada,
Fazia a maior zoada,
Ia embora e não pagava.
*
Sua esposa era uma escrava,
Lhe ajudava com carinho.
Mas na hora do laser,
Ele saia sozinho.
Era do tipo machão
E ela sem ver solução
Abandonou o mesquinho.
*
Seguiu em outro caminho,
Cansou de tanta trapaça.
E ele se sentindo só,
Viciou-se na cachaça.
E em tudo que era lugar,
Também tratou de sujar,
Nomes de amigos na praça.
*
Entrava em brigas, de graça
E por não ser corajoso,
Levava tapa e empurrões
E a fama de medroso.
Saia de cara inchada,
De tanto levar pancada,
Nem achava vergonhoso.
*
O seu pai sempre zeloso,
Sua ruindade apoiava.
A mãe fazia pior,
Apoiava e ajudava.
Por fim suas qualidades,
Viraram futilidades,
Se era ruim, pior ficava.
*
Ia preso, o pai soltava
E ainda dava dinheiro.
Patrocinando a ruindade
Em vez de ser conselheiro.
Via o filho se afundando
E continuava dando
Asas para o trambiqueiro.
*
Tomaz era um presepeiro,
Pra não dizer: um artista.
Comprava o fiado caro,
Vendia barato a vista.
Mas por não ter competência,
Acabava indo a falência,
No comercio e na conquista!
*
Foi ser moto taxista,
Sem moto e habilitação.
Logo o pai fez um empréstimo,
Comprou uma a prestação.
Mas tudo o que ele ganhava,
Com raparigas gastava,
Nunca sobrava um tostão.
*
Baralho e pé de balcão,
Ali ficava o seu ganho.
Quando não levava uns tapas,
De conhecido ou estranho.
Deixava a moto empenhada,
Voltava a pé e sem nada,
Mais lascado que um lanho.
*
Apanhou de ficar fanho,
Em todo canto aprontou.
Na última vez que bebeu,
Quando pra casa voltou.
Bateu na mãe e no pai,
Dizendo: hoje a casa cai
E transtornado gritou!
*
O meu dinheiro acabou,
Quero mais e é agora!
Que hoje eu vou beber todas
E pra voltar não tem hora.
Só beber é o que me resta,
Se a minha vida não presta,
Culpo o senhor e a senhora!
*
A mãe correu sem demora,
Da moto escondeu a chave.
O pai tentou convencê-lo,
Ao ver que a caso era grave.
Mas ao tentar convencer
Foi obrigado a correr,
Diante de tanto entrave.
*
A mãe sempre mais suave,
Pediu, pediu e pediu.
Porém não adiantou,
O argumento não serviu.
E ele usando de destreza,
Com uma faca de mesa,
Ligou a moto e saiu.
*
Feito um louco ele partiu,
Veloz igual um tufão.
Não andou cinco quilômetros,
Avançou na contramão.
Sua visão ficou turva,
Bateu de frente na curva
Na frente de um “caminhão”.
*
Seu corpo ficou no chão,
Por muito tempo estendido.
Quase cem por cento foi
Fraturado ou ferido.
Quem na vida foi tão torto,
Estava ali quase morto,
Pulsando, mas sem sentido.
*
O Tomaz foi socorrido,
E no primeiro hospital.
Os plantonistas disseram,
O rapaz tá muito mal.
Podem mudar o percurso,
Talvez só tenha recurso
Em Mossoró ou Natal.
*
Mossoró foi o local,
Que o Tomaz foi se tratar.
As noticias que chegavam,
Eram de arrepiar.
E o povo fazia o drama,
Que estava podre na cama,
Se escapar, não vai andar!
*
Vai voltar, não vai voltar,
Ele não sai dessa vivo
Morre hoje ou amanhã...
E o povão apreensivo.
Mesmo inerte no hospital,
Tomaz era um animal
Cada vez mais agressivo.
*
Sabe-se lá o motivo...
Só ele mesmo sabia.
Sessenta dias depois
E a morte, ele resistia.
Quando a noticia chegou,
Que ele se recuperou,
E pra casa voltaria.
*
Faltava uma cirurgia,
Pra ver se voltava a andar.
Mas tinha que vir pra casa,
Tentar se recuperar.
Pra sarar uns incisivos,
A base de curativos
E só depois retornar.
*
É triste até em falar,
Como esse rapaz sofreu.
É certo que ele errou muito,
Até nos seus pais bateu.
Mas o que ele passou,
O que era conta pagou
E com juros, creio eu.
*
Se é que se arrependeu,
Inda tem esse, porém.
Pois se o que se faz aqui,
Vai ser cobrado no além.
Do jeito que ele estava
Com raiva e só blasfemava,
Será que alguém disse: Amém?
*
Espero que esteja bem
E tenha se arrependido.
Pelos seus atos na terra
Em todos os anos, vivido.
Pois se o inferno é aqui,
Com o que vi e ouvi,
Ele pagou o devido.
*
Eu usei esse apelido,
O codinome “Tomaz”.
Foi pra preservar o nome,
Desse humilde rapaz.
Se ele era legal comigo,
O que te desejo, amigo,
É que descanse em paz.
*
Deus sempre sabe o que faz,
Assim foi, é e tem sido.
Mais um dia, é menos um,
Impossível o tempo ido.
Adeus meu amigo, a Deus,
O seu debito é aferido.
*
Fim