A FORÇA DA MATA-NORTE

Meu verso tem a pujança

Do mais forte burro-mulo

Tem a leveza do pulo

E a beleza da dança

De um caboclo de lança

Defendendo o seu reisado

O meu verso é compassado

No baque do caboclinho

E tal cavalo marinho

O meu verso é encantado!

Meu verso tem o sabor

Que tem o caldo da cana

É doce se for caiana

É aguado se não for

É verso de cantador

Mas não do que faz repente

É um verso diferente

Rimado em maracatu

Verso de mestre Salu

Nosso maior expoente!

É um verso com a trama

Das redes de Timbaúba

É verso que não derruba

Nem ofende, nem faz drama

Apenasmente exclama

Pra que o Brasil repense

Pois meu povo é quem mais vence

E merece mais estande.

Ah, se meu verso for grande

É por ser mata-nortense!

Que sendo desse torrão

Ele tem razão de ser

Pois nasce do massapê

E mal saindo do chão

Corre em meio à plantação

Passa um tempo no curral

Comendo capim com sal

Ganha peso, fica forte

S’enleva na mata-norte

E vira um canavial!

Um canavial verdinho

Que de tempos é queimado

Fazendo qu'esse versado

Se transforme em malunguinho

Que voa sem ter caminho

Que no vento se levita

E longe se precipita

Desenhando onde cai

Toda beleza que "hai"

Nessa mata tão bonita!

Timbaúba, 27/12/2010.