SALOMÃO E AS DUAS MÃES

SALOMÃO E AS DUAS MÃES

Nas paragens de Israel,

O grande rei Salomão

Recebeu duas senhoras

Numa dada ocasião.

Eram elas meretrizes,

De certo modo infelizes

Por causa duma questão.

Expondo sua aflição,

Uma falou do ocorrido:

"Nós duas moramos juntas,

Um filho meu foi nascido.

Três dias após meu parto,

Nasceu ali noutro quarto

O filho dela querido."

"Essa aí tinha dormido

Sobre o corpo do neném,

Matando, assim, a criança.

Depois, sorrateira, vem,

Tira o filho do meu lado.

Pelo seu, morto, é trocado.

Pudor algum ela tem!"

"Despertei, só vi, porém,

Um bebezinho sem vida.

Constatei não ser aquela

Minha criança parida.

Disse à outra: 'não é meu

Foi o teu que faleceu'

Mas negou essa bandida!"

Essa história foi ouvida

Pelo rei tão sapiente.

Um dilema estava posto

Bem ali na sua frente.

Ele pediu uma espada,

Ordem, de pronto, acatada.

A decisão era urgente.

"Já que nenhuma consente

Em entregar o menino,

Vou resolver a contenda.

Dessa forma determino:

"Ele cortemos ao meio

Pra cessar esse aperreio."

Disse, com saber divino.

"Metade do pequenino

Ficará com uma dama.

A segunda parte, então,

Cabe à outra que reclama

Porque, procedendo assim,

A briga terá um fim,

Acabará logo o drama!"

Mostrando do amor a chama,

Quem era mãe de verdade

Disse ao rei: "isso não faça!

Não vejo necessidade."

O gesto dela, instintivo:

"Entregue o menino vivo

À outra, por piedade."

Não era uma novidade

O que a falsa mãe dizia:

"Nenhuma de nós terá

Esse menino algum dia.

Dividamos, sem vacilo,

O disputado pupilo,

Conforme o rei anuncia."

Ele, com sabedoria,

Decretou: "estou seguro!

Não será morto o menino,

Decidi o seu futuro.

Será entregue à primeira,

A sua mãe verdadeira

Que demonstrou amor puro."

Comprovando ser maduro

E justo por natureza,

Salomão foi respeitado

No local e redondeza.

Pela sua inteligência,

Foi alvo de deferência

Em Israel, com certeza.

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* Adaptação baseada em 1 Reis 3:16-28