Fartô o trema na linguiça

Airam Ribeiro

Foi um tempo ispiciá

E tomém muitio discreto

Aquele qui tinha o mobrá

Eu era um dividuo narfabeto

Inté qui prendi a suletrá

A cartilha tinha o beabá

Cum as palavra em aberto.

Essa cartilha era deferente

Das premera do Filisberto

Min alembro qui a gente

Todas da roça era narfabeto

E os prefessô do Mobrá

Era gente muitio ispiciá

E incinava as coisa certo.

U’a certa feitia um dia

Min mandáro eu assuletrá

E a trema eu botaria

Nu’a lingüiça qui tinha lá

E sem sabê o qui era trema

Fiquei pur fora do isquema

Ao prefessô fui preguntá.

Óia aqui seu prefessô

Tô aqui para aprendê

Eu nun sei nun sinhô

E vos digo pra vosmicê

A linguiça assuletrei

Só o trema eu nun botei

Tonce insina pra eu sabê.

E foi ele min ispricá

Se era g i ou era gui

Dois pinguin no u era pra botá

E eu fiquei maginano ali

Pruque o trema se atiça

Se no finá é só lingüiça

E nóis vai ela ingulí!

Ta sem assunto esse cordé

Mais foi ancim desse jeitio

Fiz um grande parangolé

Qui ficô sem nium defeitio

E a linguiça picadinha

Sem trema mais fritinha

Nóis cumemo sastifeitio.

Airam Ribeiro
Enviado por Airam Ribeiro em 20/12/2010
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