Fartô o trema na linguiça
Airam Ribeiro
Foi um tempo ispiciá
E tomém muitio discreto
Aquele qui tinha o mobrá
Eu era um dividuo narfabeto
Inté qui prendi a suletrá
A cartilha tinha o beabá
Cum as palavra em aberto.
Essa cartilha era deferente
Das premera do Filisberto
Min alembro qui a gente
Todas da roça era narfabeto
E os prefessô do Mobrá
Era gente muitio ispiciá
E incinava as coisa certo.
U’a certa feitia um dia
Min mandáro eu assuletrá
E a trema eu botaria
Nu’a lingüiça qui tinha lá
E sem sabê o qui era trema
Fiquei pur fora do isquema
Ao prefessô fui preguntá.
Óia aqui seu prefessô
Tô aqui para aprendê
Eu nun sei nun sinhô
E vos digo pra vosmicê
A linguiça assuletrei
Só o trema eu nun botei
Tonce insina pra eu sabê.
E foi ele min ispricá
Se era g i ou era gui
Dois pinguin no u era pra botá
E eu fiquei maginano ali
Pruque o trema se atiça
Se no finá é só lingüiça
E nóis vai ela ingulí!
Ta sem assunto esse cordé
Mais foi ancim desse jeitio
Fiz um grande parangolé
Qui ficô sem nium defeitio
E a linguiça picadinha
Sem trema mais fritinha
Nóis cumemo sastifeitio.