OS PERIGOS DO CEROL
Enfim, chegou o descanso
Dos cadernos, das lições
Acabou a maratona
De provas e correções
Chegam férias escolares
Em diferentes lugares
Os garotos aproveitam
Com tempo pra brincadeiras
São criaturas arteiras
Pelas ruas se deleitam
As pipas, os papagaios
São demais apreciados
Pois há várias gerações
Deixam muitos encantados
A tala, linha e papel
Juntos, bailam pelo céu
Tem sua graça, de fato
Também é divertimento
Todos têm conhecimento
Bastante simples, barato
Tamanhos são variados
As cores vibrantes, vivas
Desenhos de todo jeito
As formas são criativas
Nesse sedutor lazer
Rapazes vemos correr
Sem ligar pro forte sol
Nós sabemos, todavia
Que nem tudo é alegria
Caso se use o cerol
Mistura de vidro e cola
Largamente utilizada
Nas batalhas entre pipas
De trança denominada
Da linha sendo elemento
Por vezes faz ferimento
Muito sério é o seu corte
Cerol pode ser fatal
Tem grande potencial
De provocar uma morte
A prudência recomenda
Que a citada diversão
Nunca se faça presente
Onde tenha fiação
Isso pra que não provoque
No que brinca enorme choque
Fazendo a família triste
Cerol? Nem se pensa nisso
Com a vida há compromisso
O bom senso implora, insiste
O destino, vira e mexe
Alguma peça nos prega
Usando tal artifício
Pode cortar um colega
Os pescoços do carteiro
Do pedestre, motoqueiro
São alvos desprotegidos
Sem tempo pra desviar
Poderão mesmo tombar
Com gravidade feridos
Seja, portanto, amigão
Um cidadão responsável
Soltar pipa em campo aberto
É atitude saudável
Seu parceiro aqui avisa
Ser cortante não precisa
A linha do seu brinquedo
Evite a temeridade
Não espalhe na cidade
Com o seu cerol o medo
Miguel Jacó também dá o seu recado. Grato, poeta.
Esta forma de insultar o oponente
Aqui na minha nobre Taubaté
Cortou o pescoço inocente
De um ilustre engenheiro aviador
Seus parentes até choram a dor
E o caso foi mesmo desolador
Quem puder escutar nossos conselhos
Que abandonem este cerol matador
Use a pipa como fonte de prazer
E descarte ao ensejo do desamor.