Luta de Classes

Primeiro se escala a serra

das possessões do patrão,

depois se aplaina a terra

para as obras do patrão,

soca-se, nivela e aterra

os caminhos do patrão,

já que este cômoro emperra

o automóvel do patrão.

Se algum operário erra

é prejuízo ao patrão

e na masmorra se encerra

o ato de insubmissão,

mas se assim se não descerra

o sossego do patrão,

uma bala logo encerra a

trama da sublevação. E,

se se morre, se enterra

nas terras da construção

e ao proletário se aferra

mais ainda na submissão.

Se laça, manieta e ferra

com a marca do patrão,

impondo-se a toda a Terra

triste império da opressão,

seja na paz ou na guerra

perpetua-se a situação.

em que é o berro do operário

o sorriso do patrão;

e, se mingua o seu salário,

cresce o lucro do patrão.

Se passa fome o operário

enfastia-se o patrão.

Se se descuida o operário,

é ao proveito do patrão.

Se se oprime o operário

é a grandeza do patrão.

E no fim deste inventário

entre operário e patrão,

entre a coação e o salário,

Petrônio Ferreira o Exilado Político
Enviado por Petrônio Ferreira o Exilado Político em 17/12/2010
Código do texto: T2677491
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