Nomes e Sobrenomes
Minha dor tem pseudônimos,
Dissimula muito bem
no sorriso que te alegra
e no seu canto também,
É dramática demais,
Mas me diga quem não tem.
Minha dor tem nome forte
E o seu nome é Solidão
De quem foi tão desdenhado
E perdeu sua paixão,
De quem tem dor lancinante
Dentro do seu coração;
De quem foi jogado ao léu
Por capricho ou por castigo,
Talvez foi a falha humana,
Pois não tenho aqui comigo
Alguém incondicional
Como o amor de um grande amigo.
Ela tem o sobrenome
De Rancor Mágoa Silente,
Pois corroi a minha alma
Me deixando simplesmente
Sem a luz que aviva os olhos
De quem vive tão contente.
O outro nome é indizível,
Tenho medo de falar!...
Vai que lá no meu futuro
Eu receba só o azar
De quem tanto desejou,
Mas não pôde conquistar
O seu sonho mais bonito...
E escalar qualquer montanha
Não é fácil – isso eu bem sei!
Tem que ter muita artimanha,
Mas a dor consome o peito,
Co’ ela não se faz barganha.
Há momentos que o Rancor
É fiel ’migo do peito,
Toma conta do pensar
E não fica satisfeito
Té que caia alguma lágrima
Para se sentir perfeito.
E ao chegar à perfeição,
Ganha como governanta
A cruel Mágoa Silente
Que se diz tão pura e santa,
Enrijece o coração,
Nunca mais que se quebranta.
O Desdém é uma figura
Que dá nomes pra esta dor,
O Perdão passou lá longe
E não trouxe o bom fautor
Para que haja só um milagre
Vindo de nosso Senhor.
Como o Amor está distante,
Crucial para o perdão,
Fez questão de levar junto
Os amigos e a Paixão...
Volto ao ponto inicial:
O seu nome é Solidão.