Errantes
O teu abraço mais forte,
Afetuoso demais
Está guardado comigo
Nos meus momentos de ais...
Secretamente a lembrança
Me faz ser nova criança
E vou sonhando co’ a paz...
Ao me lembrar o meu mundo
Se transfigura em Quimera
A mais feliz que já vi
Nos jubileus desta esfera
Que nós chamamos de mundo,
Pois meu sofrer mais profundo
Me fez saber quem eu era.
Eu era um homem feliz
Ao ter a minha Divina
Que eu a chamava de amor,
De pura e doce menina
Amiga em todos os tempos,
Mas fui eu mesmo quem pôs
Um fim na dúlcida sina.
Agora choro calado
E não revelo o meu mundo,
Mereço toda desgraça
E sofrimento profundo,
Enquanto a minha Divina
Se vê feliz, peregrina,
Mas solitária no fundo.
Perder do nada a paixão
Que foi voando à janela
Me dói demais e eu aceito
Qualquer desdém que vem dela,
Pois minha vida sofrida
Foi feita de despedida,
De mágoa, dor e seqüela.
Mas eu não nego jamais
Que todo este embaraço
Me faz pequeno perante
Ao mar revolto que traço
Contudo, gente que sofre
Por um amor tem no cofre
Sabedoria do Espaço.
6/12/2010 12h51