Cinquenta Anos de Vida, Quarenta de Poesia

Autor: Marciano Medeiros

Eu vou falar num poeta

Pelo mundo conhecido

Natural de Pernambuco

Onde se tornou querido

Erivaldo é o seu nome

Abaeté apelido

No Brasil é difundido

Pertence a família Lima

Vive fazendo cordel

Pra manter a boa estima

Faz gracejos bem contados

E produzidos com rima

No verso talvez exprima

Fantástica realidade

Em cada folheto dele

Sempre alerta a humanidade

Com versos metrificados

Fala de amor e saudade

Tem muita capacidade

Sei que desbravador é

Bom defensor da cultura

Ele nunca perde a fé

O nordeste foi o berço

Do ilustre Abaeté

Não tem estilo ralé

Viu nobres pernambucanos

Dezenove de dezembro

Amigos fizeram planos

De grande festa em Natal

Pelos seus cinquenta anos

Tem projetos soberanos

O nosso Deus renomado

Criador universal

Que fez tudo no passado

Botou no mundo este vate

De coração refinado

Desde moço preparado

Relembra de Vitalino

Com dez anos escutava

O repentista mais fino

Ivanildo Vila Nova

Foi visto pelo menino

Viu o chão de Virgulino

O terrível cangaceiro

Fala nos irmãos Batista

Lembra Pinto do Monteiro,

Abaeté conheceu

Esse povo pioneiro

Com um jeito verdadeiro

Procurava melhoria

Desde quando fez dez anos

Que gosta de cantoria

É cinquenta menos dez

Seu tempo de poesia

Sempre vive com alegria

Pra redigir a sextilha

Mas gosta de sete linhas

Escrevendo também brilha

Nesse estilo primoroso

O bardo faz maravilha

Abaeté não humilha

Cordelista iniciante

E quando pode ajudar

Faz comentário elegante:

- Quem produz verso quebrado

Conserta mais adiante

Ele sendo itinerante

Viaja sem paradeiro

Pra visitar J. Borges

Um editor pioneiro

Mestre da xilogravura

No nordeste brasileiro

Abaeté bem ligeiro

Veio morar em Natal

E faz mais de vinte anos

Que vive na capital

No bairro Capim Macio

Batalha sem ter rival

Ele assistiu festival

De cantador de viola

Quem procura inspiração

Ligeiramente decola

Inteligência poética

A Divindade controla

Quem verseja desenrola

Trovador e cordelista

Eles precisam de estudo

Nesse tempo modernista

Abaeté faz cordéis

Aumentando sua lista

Não é poeta elitista

E gosta de populares

Sua vida é um poema

Sem ter estrofes vulgares

Tem dezenas de folhetos

Nos mais distantes lugares

Com trabalhos singulares

O mensageiro é fiel

Na capital potiguar

Fez a Casa do Cordel

É filho de Dona Nilda

Com o senhor Manoel

O notável menestrel

Consagrou o nome seu

E prossegue publicando

Trabalhos que concebeu

Para divulgar na rua

Vigário Bartolomeu

E a lacuna preencheu

Na casa botou cultura

O lugar é muito perto

Do prédio da prefeitura

Abaeté mostra clássicos

Da nossa literatura

Tendo serena figura

Ali vem pra trabalhar

Montou pequena editora

Conseguindo publicar

Assim o cordel na casa

Não para de circular

Estudante vem comprar

Verso novato e famoso

Dos poetas potiguares

E o “Pavão Misterioso”

Escrito por Zé Camelo

Num texto maravilhoso

José sendo virtuoso

De modo quase fiel

Decorou suas estrofes

Redigidas no papel

E Abaeté divulga

O valoroso cordel

Sem titulo de bacharel

Ele sempre passa o dia

Vendendo cordéis antigos

Outros de sua autoria

Escutando um CD

Nas faixas de cantoria

Romance de Zé Garcia

Lá na casa eu encontrei

Obras do mestre Leandro

As mais remotas comprei

Muitos livretos famosos

Ali sempre observei

E também divulgarei

Ausência de incentivo

Com pouca ajuda do Estado

O cordel prossegue vivo

O poeta Abaeté

Não recebe lenitivo

Ele nunca foi cativo

Fala até para o sudeste

Quando chega um jornalista

Conta de modo inconteste

Que na Casa do Cordel

Político nenhum investe

Mas a alma do nordeste

Tá na voz do violeiro

No embolador de coco

Quando bate no pandeiro

E na rima dum folheto

Seja novo ou pioneiro

Abaeté é faceiro

Escreve com diligência

Falando de vários temas

Quase sem ter preferência

Explorando sempre o ritmo

Com valor e competência

Ele tem inteligência

Pra rimar muitas estórias

No mundo da ficção

Os personagens têm glórias

Para vender seus trabalhos

Não precisa de vanglórias

Até cenas ilusórias

Escreveu com todo humor

Os escritos do poeta

Recebem todo valor

Em Natal compram seus versos

Turista e pesquisador

É famoso rimador

Junto com José Saldanha

Os folhetos de Erivaldo

Já foram para a Alemanha

Pra linda e sublime França

Tem cordel seu na Espanha

Nosso Estado sempre ganha

Por ter muitos cordelistas

Este nobre Abaeté

É lido até por artistas

E na Casa do Cordel

Tem amizades benquistas.

E-mail: marcianobm@yahoo.com.br

(84) 9991-7476