NÃO TER SAUDADE DE NADA É NÃO TER NADA NA VIDA

Ao destino de ser só,

Saudade é força contrária;

Numa artéria coronária

A saudade é feito um nó!

Quando lembro de vovó

Saudade é dor que trucida,

Mas justo ela valida

Que vovó era amada

Não ter saudade de nada

É não ter nada na vida!

Tudo aquilo que é bom

Quando um dia chega ao fim

Logo de cara é tão ruim

Mas depois muda seu tom

Recuperar-se é um dom

Lembrar sem dor é partida

Nossa vida só tem ida

Saudade é a ré quebrada

Não ter saudade de nada

É não ter nada na vida!

Saudade das brincadeiras,

Da meninada na rua,

De ver a vizinha nua

De cima das goiabeiras,

Que saudade das carreiras

E a pipa mal construída

Que até dava subida

Mas nunca foi batizada

Não ter saudade de nada

É não ter nada na vida!

Sem ter medo dos tormentos

De saudade eu me equipo

Modelos de todo tipo

Guardo nos meus pensamentos

Pra infinitos momentos

Uma saudade é erguida

Desde a cidade querida

E até da ex-namorada

Não ter saudade de nada

É não ter nada na vida!

Glosas de Jessé da Costa

Mote do poeta Luiz Homero

João Pessoa, 06/12/2010.