ImageShack, share photos, pictures, free image hosting, free video hosting, image hosting, video hosting, photo image hosting site, video hosting site

VIDA NA CIDADE
E A VIDINHA NA ROÇA


 

Cuânu eu moráva na róssa

Era tudu diferente

Num cunhicia a tár fossa

Que intristeci a genti

Levantava bem cedim

Buscava u leite fresquim

Das vaca, todas contenti.

 

U doci - era paçoca

Armôssu - arroiz cum fejão

Arrancava u’as mandioca

I botava no fugão

Abobrinha cum jiló

Prantada nus cafundó

Nus fundu da prantação.

 

Era tudo bem tranquilu

A vida que nóis levava

Num tinha cumida a quilu

Mai a saúde - sobrava.

Ôji, aqui na capitár,

A sódadi faiz chorá

Di tristeza – mi aniquilu.

 

Na cidadi as buzina

Indoideci u cidadão

Di micru-saia – as minina

Inloqueci os garanhão

I eu fico aqui pensânu:

Quarqué dia, quarqué anu,

Vô vortá lá pru sertão!

 

(Milla Pereira)

 

 
Queridio sexteto de seis
Pessoas qui quero bem
Eu vô dizê  pra ancêis
As coisa qui na roça tem
Pra nóis nun se brigá
Vô falano derna de já
Qui tê respeitio convém.
 
É só a gente se arrespeitiá
Pois deferença sempi tem
Nóis na roça rispira bom ar
Mais o pogréço aí faiz bem
Nóis aqui o fejão vai cuiê
Pra ir aí na cidade vendê
As ajudança é bom tomém.
 
In matéra de ta assiado
É no mato qui nóis vai cagá
Os baiêro de ancêis é lavado
Aqui vira cumida dos animá
Pra limpá aí se usa papé
Aqui sabe cuma é né
É mato mermo qui nóis vai uzá.
 
As suas vidinha istrambóica
Aqui tudo nóis ta sabeno
É o aparei parabóica
Nela nóis tudo vai veno
Na cidade tem artomovi sim
Aqui na roça é o jeguin
É nele qui nóis muntemo.
 
A vidinha de capitá
Penso eu qui é ancim
Tem muitias luis pra clariá
E carças feitia de brim
Na roça é os pirilampo
Qui traiz as luis pro campo
Nas bunda cum seus brilhin.
 
“Na cidade corre uns fio
Qui sem fosco nem pavio
De arrepente acende os lampião
Diz os povo da cidade
Qui é as inletricidade
É qui faiz aquela iluminação.”
 
Pra róça vai o trabaiadô
Cum sua inxada amolada
Na cidade se pega o metrô
E é u’a carrera danada
Lua na cidade ninguém vê
Na roça cêis pode crê
Ela é toda alumiada.
 
Na cidade tem coisa boa
Cuma na roça tem tomém
Caminhando na roça se soa
E na cidade se anda de trem
Mais iantes qui eu isqueça
Quando a muié tem dô na cabeça
É da cidade qui o rimédio vem.
 
Eu só min axo a disvantage
É no céu qui a gente vê
Na cidade o céu tem a image
De um dia a iscurecê
Já aqui na roça não
Aqui nun tem puluição
É só vim aqui para crê.
 
Na cidade tem curreria
Na roça é tronquilidade
Mais as labuta do dia a dia
Tem na roça e na cidade
Nun se cansa de trabaiá
Nesse Brasí nacioná
Para a progrecividade.
 
Na roça se bebe água pura
Sem o cloro nela botá
Dece do morro cum fartura
Nun percisa ninguém pagá
Na cidade tem gente boa
Na roça tem boas pessoa
Nisso tudo somos iguá.
 
E pur aqui vô parano
Pois cordé grande ninguiém lê
A priguiça do ser humano
Já vem quando vai nascê
A leitura é u’a viagem
Mais eles pur sacanagi
Da perferença a TV.
 
(Airam Ribeiro)


Fui criada néssa vida cum respeito i consideração,
Respondia aus mais véio, cum muita inducação.

Professô, avô i vizinhu, parênte di otra cidadi,
Éra tratado cum carinho, digno di artoridade.

Nóis perdêmo a artoridade, us valor i proteção;
Só num podemo perdê a nossa indignação.


Os mai véio éra tido como si fossi da famía,
Nóis era tudu honéstu i pagava o que divia.
Tinha medo só du escuru i di firme di terrôr,
Hoji in dia criminosu tem mai direito qui dotor.


Nóis perdêmo a artoridade, us valor i proteção;
Só num podemo perdê a nossa indignação
.

Prodessô era tratado cum consideração i respeito,
Hoji elis são maltratadu e ameaçado di tudu jeito.
Insiná num tem valor, inducá num tem preço,
Sê professô hoji in dia vali menos que um refresco.


Nóis perdêmo a artoridade, us valor i proteção;
Só num podemo perdê a nossa indignação
.

Nóis trabaiava i istudava cum dedicação i esmero,
I pedia no Natal, bicicréta di jueiô.
Hoji in dia é diferente, as mudança são mai drástica,
As minina di hoje in dia só pédi cirurgia prástica.
Nóis perdêmo a artoridade, us valor i proteção;
Só num podemo perdê a nossa indignação.

O respeito acabô
Nói viramo cara ou coroa,
Eu queria tê di vórta
Quele tempo qui avôa.

Nóis perdêmo a artoridade, us valor i proteção;
Só num podemo perdê a nossa indignação.

 

(Mirah)

 

 

 

Hôje acordêi com sodáde

Dos meu tempo de criança

Quâno num tinha mardáde

Em todas as nossas andança

Nosso café era o melado

Cu’as broa de mio e pão açado

Nóis inxía as nóça pança!

 

Tudo era bêim simprizinho

Agros tóchico num tinha não

Meu vô fumava caximbinho

Fumo de Ubá, munto dos bão

Era só o que intochicáva

Aquêis hômi tudo pitava

E tinha pobrêma de purmão!

 

Foi cuâno eu criscí um cadím

Na capitá noz viemos morá

Fumus na praia aqui pertim

(Cuânta água num mesmo lugar)

Os hômi só uzava carção

As muié, carcinha e surtião

Minha mãe demoro acustumá!

 

Dispôis, o tempo foi passâno

Nóz, as coisa ia sempre sargá,

Finar de sumana chegâno

Na praia, a famia a farofa

Tôdus dia, inté tarde da noite

Iguár cavalo no açôite

A famía percisava trabaiá!

 

Era tudo mio no interiô

Maz, meu pai num quíz vortá

Intão-se um boteco botô

Falâno prus fio tudo istudá

Eu tomem istudei um poquím

Puriço iscrevo direitim

Cunforme ocêis pódi notá!

 

Agora quito ficâno verinho

Vejo vantági de cada lugá

Na roça tem os paçarinho

(Que beleza o canto do sabiá!)

Catorze anos na roça vivi

Ponharo luz, logo que saí

- “Foi o Lula que mandô instalá!”

 

(Pedrinho Goltara)

 

 

 

 2ª PARTE
LOGO ALI, Ó