Pro cauza da praca solár

PRO CAUZA DA PRACA SOLÁR

Airam Ribeiro 26/11/2010

Foi a uinca salução

Qui a mente astuciô

Pra mintê u’a tulevisão

E daqui do meu interiô

Eu subéci di verdade

As nutiça da cidade

Do ranxin adonde tô.

Cuma as inletricidade

Ta defici de vincá

Eu tive a astucidade

De vê u’a praca solá

Vêi aqui um viajante

Esses pessoá andante

Qui feiz tudo preu cumprá.

E dixi qui a praca solá

Era di grande sirvintia

A inergia ia capitá

E botá numa bateria

Qui ligava na tulevizão

E era só apertá o butão

Pra eu tê as aligria.

Nada não meu cumpade!

Depois qui a praca eu cumprei

Nunca mais vi a filicidade

Inté pro céu nunca mais oiêi

A linda lua do meu sertão

Eu troquei pela tulevisão

Nem istrela mais apreciei!

O lua qui banhava o ribeirão

O seu clarão, sua rialeza,

Pur cauza déssa tulevizão

Eu disprezei a natureza

Os curiango cum seu cantá

Nem o canto do sabiá

Pra mim já num era beleza:

Inté os proziamento

Qui eu tinha mais o cumpade

Foi caino no isquicimento

Foi cabano nossa amizade

Pro vizin fêxei o portão

Pra assistí a tulevizão

Cum as beleza das image.

Tano fraca da memória

Pru cauza do Tarcizo Mêra

Aquele marido da Glória!

A muié feiz a bestêra

Pensô qui era de verdade

Se debandô pra cidade

Min dexano sem cumpanhêra.

As duas fia qui tinha aqui

Pru cauza da nuvela tomém

A mãe, arresorveu siguí

Nun obedeceno ninguém

E cum a sua curiozidade

Debandô para a cidade

De Sun Pálo, Itanhaêm.

Hoje aqui eu vévu sozin

Quebrei a praca solá

A tulevizão cum seus butãozin

No fogo ela foi queimá

A filicidade inda nun vortô

Mais muitia coisa já mudô

Pois o céu eu já posso oiá.

Nunca mais tulevizão

Nunca mais praca solá

Do ranxo eu vejo o clarão

Qui vem do céu, do luá

Os Butão da minha jinéla

Eu li digo é a traméla

Qui disligo para deitiá.

Airam Ribeiro
Enviado por Airam Ribeiro em 26/11/2010
Reeditado em 26/11/2010
Código do texto: T2638285
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