Quando, onde e porque parei de beber.* Autor: Damião Metamorfose.
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Quando eu tinha uns doze anos,
Experimentei a cachaça.
E por mais de trinta e cinco
Bebi tudo que é bagaça.
Mas nunca cheguei ao ponto
De tombar na rua ou praça.
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Em garrafa, copo e taça,
No litro e no garrafão.
Na meiota e no burrinho,
No rodete e no oitão.
Eu bebia até encher,
Mas nunca cai no chão.
*
Uísque, gim, alcatrão,
Cinzano e boa cachaça.
Cerveja eu bebia tanto
Que ganhava outras de graça.
Mas nunca comprei fiado
Nem uma dose na praça.
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Nunca bebi por pirraça,
Problemas ou vaidade.
Bebia pra distrair-me,
Sair da sobriedade.
Parei porque quis parar,
Por enquanto nem saudade.
*
Não tive necessidade,
De me mudar para o bar.
Nunca deixei afazeres,
Para beber ou brincar.
Bebia porque queria,
Parei porque quis parar.
*
Nunca bebi pra tombar
Nem para arrumar briga.
Bebi em roda de “amigos”
Falsos iguais rapariga.
Deixei sem seguir ninguém
Mas se for pro bem, me siga.
*
Bebi que enchia a barriga,
E nunca me embriaguei.
Porém depois que fui preso
E trinta dias passei
Sem consumir a marvada
Não senti falta e parei.
*
O dia e hora eu não sei,
Que eu parei de beber.
O mês eu sei que foi Junho,
O ano eu já vou dizer.
Dois mil e dez, dei um basta,
Se Deus quis assim, vai ser...
*
Não sei se é pra valer,
Mas por enquanto, parei.
Se um dia eu sentir vontade
De beber, eu beberei.
Por enquanto estou sóbrio
E confesso que gostei
*
Porém depois que deixei,
Já perdi até o jeito.
De entrar em um boteco,
Beber com qualquer sujeito.
Eu parei porque já sei
O que é causa e efeito...
*
Não que me eu ache perfeito,
Mas cansei da euforia.
E aquela dor de cabeça,
Gastrite ânsia e azia.
Da ressaca e caganeira
e de estragar o meu dia.
*
No trabalho eu não bebia
Sempre honrei meu dever.
Sábado em vez de descansar,
À noite eu ia beber.
Hoje eu não bebo estou sóbrio
E sinto o mesmo prazer.
*
Fim